No dia seguinte à oitiva do ex presidente Lula pela justiça federal, em Curitiba, foi veiculado por alguns órgãos de imprensa uma versão de que o depoente teria transferido culpa do suposto ilícito para a sua esposa.
Tivemos a prerrogativa de ter o tempo e a paciência para assistir o vídeo de mais de 4 horas do interrogatório. E, na verdade, em pouquíssimos momentos foi citado o nome de Dona Marisa e para dizer apenas o óbvio. Que a aquisição da cota do empreendimento havia sido feito pela Dona Marisa Letícia e que ela teria ido visitar o citado triplex uma vez com Lula e uma segunda vez acompanhada somente do filho. Algo, aliás, que a defesa deixou claro que já foi colocado e é de ciência do juízo desde o primeiro interrogatório, em Congonhas, quando da condução coercitiva.
Só que o âmago da questão não é o porquê do investimento ter sido feito em nome de Dona Marisa, mas se os fundos usados para realizar a aquisição vieram de alguma origem ilícita, proveniente de supostos atos de corrupção do marido dela durante seu mandato político. Foi sobre isso que se cuidou quase que na integralidade das mais de quatro horas de interrogatório.
Contudo, para formar esta opinião da transferência da culpa para a mulher que faleceu, setores da mídia contam com dois fatores: 1- A certeza que a ampla maioria da população não teve oportunidade de acompanhar na íntegra o interrogatório. Por certo, poucas pessoas têm condições de gastar quatro horas do seu dia para tal. Então, usam o expediente de recortar alguma fala e construir uma versão que foge ao contexto geral. 2- O conhecimento que estes veículos de comunicação tem sobre a mentalidade média do brasileiro. eles acompanham e sabem que os discursos conservadores vêm ganhando espaço, semeando pelas mentes posições machistas, misóginas, preconceituosas e etc.
Ora, se o dinheiro do casal vinha dos ganhos do marido, tanto faz se foi ele ou ela quem adquiriu um investimento, caso a fonte dos valores seja ilegal. Por isso, essa construção de setores da imprensa nada revela sobre o processo. Apenas, tem o cunho de jogar a opinião pública contra o personagem político que está sendo objeto de interrogatório. A inteligência parece ser a de que o Lula não pode concorrer a presidente em 2018 e, se concorrer, não pode vencer em hipótese alguma, pois acarretaria o fim das políticas implementadas pelo atual governo provisório.
Neste sentido, a manchete que Lula joga a culpa para a mulher não fala sobre o processo, mas dialoga com a população no sentido de atingir o capital político do possível futuro candidato.
Trabalham com a ideia machista que a esposa não pode ter um investimento feito em nome dela. Que todos os investimentos devem estar encabeçados pelo marido. Que a esposa não pode participar da discussão da aquisição deste ou daquele imóvel. Que qualquer negócio realizado por um casal deve ser efetivado unicamente pelo marido. Ou seja, que o lugar da mulher é na cozinha ou cuidando das crianças.
O fato de Lula, sempre atarefado com as discussões partidárias e políticas, confiar à esposa a realização de parte dos investimentos familiares, e não a um advogado ou contador, deveria ser algo visto de forma muito positiva por todos nós.
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Ora, se o dinheiro do casal vinha dos ganhos do marido, tanto faz se foi ele ou ela quem adquiriu um investimento, caso a fonte dos valores seja ilegal. Por isso, essa construção de setores da imprensa nada revela sobre o processo. Apenas, tem o cunho de jogar a opinião pública contra o personagem político que está sendo objeto de interrogatório. A inteligência parece ser a de que o Lula não pode concorrer a presidente em 2018 e, se concorrer, não pode vencer em hipótese alguma, pois acarretaria o fim das políticas implementadas pelo atual governo provisório.
Neste sentido, a manchete que Lula joga a culpa para a mulher não fala sobre o processo, mas dialoga com a população no sentido de atingir o capital político do possível futuro candidato.
Trabalham com a ideia machista que a esposa não pode ter um investimento feito em nome dela. Que todos os investimentos devem estar encabeçados pelo marido. Que a esposa não pode participar da discussão da aquisição deste ou daquele imóvel. Que qualquer negócio realizado por um casal deve ser efetivado unicamente pelo marido. Ou seja, que o lugar da mulher é na cozinha ou cuidando das crianças.
O fato de Lula, sempre atarefado com as discussões partidárias e políticas, confiar à esposa a realização de parte dos investimentos familiares, e não a um advogado ou contador, deveria ser algo visto de forma muito positiva por todos nós.
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