terça-feira, 25 de julho de 2017

Para que um candidato "light", nas eleições presidenciais de 2018, tenha aceitação popular é necessário haver um bode na sala.



A teoria do bode na sala visa apresentar uma fórmula para que o público aceite uma solução ruim pelo medo de ver uma outra ainda pior ser implementada. Então, conta-se uma fábula em que um pai de família, que morava numa casa simples, era permanentemente pressionado pelos familiares que se queixavam do tamanho pequeno da sala do imóvel. Por isso, ele se dirigiu até um homem sábio levando a questão e foi orientado no sentido de adquirir um bode e deixá-lo acomodado justamente na sala da casa. Assim, a permanência dos moradores naquele cômodo passou a ser insuportável. Tanto que as pessoas apenas passavam pela sala e logo se recolhiam aos seus aposentos. Passado um mês, o pai de família se desfez do bode e todos passaram a novamente frequentar a sala, só que agora sem reclamações. Ao contrário, todos pareciam satisfeitos com o retorno à situação anterior.

Esta fábula do bode na sala me faz pensar nos acontecimentos que ocorrem neste ano de 2017 e que antecedem as eleições presidenciais do ano seguinte. Acontece que raramente vivenciamos no país uma fase em que não há nomes de peso e que sejam do agrado popular para concorrer ao pleito presidencial. O único candidato que realmente possui o carisma das grandes lideranças é o ex presidente Lula, mas que muito provavelmente será impedido de concorrer. Tirando este, vivemos um grande vazio de nomes que possam empolgar o eleitorado. A crise não é só política, mas também de material humano na política. E a crise se dá em todos os espectros políticos, da direita à esquerda.

Dos demais candidatos, Ciro Gomes apresenta o discurso mais contundente, mas até agora não empolgou o eleitorado de esquerda que deseja mobilizar. Os partidos mais à esquerda, como PSOL e PSTU também não possuem uma candidatura forte. O PSOL teve a desilusão do seu quadro mais forte perder as eleições no Rio de Janeiro para um bispo da Universal com alto grau de rejeição. No outro polo, a direita parece um deserto de novidades. Ainda com os velhos nomes da política paulista se degladiando pela cabeça de chapa. O moço de Minas Gerais que foi a grande aposta em 2015 parece com sérios problemas até mesmo para ganhar um pleito provinciano.

O status quo precisa desesperadamente de uma candidatura viável e forte de centro-direita. Afinal, não houve toda aquela mobilização de esforço para apear a primeira presidenta do poder à toa.

Neste quadro de total vazio, surge então a tática de colocar o bode na sala. Se a população acreditar que um candidato de extrema direita, com discurso totalmente inapropriado, tenha fortes chances de chegar ao topo da vida política nacional; então, se no último minuto da prorrogação vencer um candidato da direita mais light, acabará sendo recebido com sentimento de alívio pelo desesperado eleitorado.

Somente com esta estratégia sendo regida a partir dos subterrâneos políticos, que consigo entender um candidato que aparece com boas chances nas pesquisas apresentar atitudes e discursos totalmente desarrazoados. Nos últimos tempos já se falou que fazendeiros devem receber camponeses sem terra com arma de fogo. Que os simpatizantes e partidos comunistas devem ser banidos com a criminalização deste ideário. Que o descendente de quilombola não serve sequer de mero reprodutor. Dentre várias outras bobagens que certamente inviabilizarão totalmente suas chances de vitória. Afinal, ainda acredito que a maioria da população brasileira tenha um  mínimo de bom senso!

A única lógica que consigo perceber neste caos é que podem estar usando, como diria o saudoso "Agente 86", o velho truque do bode na sala !!!

Participe do grupo "prophisto" de História Geral & Brasil no facebook:
https://www.facebook.com/groups/prophisto/


Nenhum comentário:

Postar um comentário