De vez em quando vemos um artigo de jornal ou uma entrevista com algum dono de sebo reclamando do mundo moderno e as novas tecnologias, como a internet, que estariam prejudicando e encerrando as atividades de várias destas lojas de revenda de livros usados.
É verdade que um bom número de sebos fecharam nos últimos anos. Por outro lado, ainda não se pode dizer que as novas tecnologias de compartilhamento de arquivos por internet e novos suportes de leitura, como tablets e outros, tenham ferido de morte o mercado do livro físico. Aliás, nestes atuais tempos de crise financeira as grandes livrarias continuam sendo as lojas, nos shoppings, com maior frequência de clientela. Enquanto boa parte das butiques de roupas ficam às moscas, vejo as grandes livrarias sempre com bastante gente.
Aliás, tempo de crise financeira deveria ser um combustível para aquecer o mercado dos livros usados. Por isso, credito mais a má fase de alguns sebos a dois outros fatores: desorganização e ganância.
Não é pelo fato da pessoa trabalhar com livros usados que seu negócio deva parecer um galpão cheio de entulhos. Há muitos sebos onde o passante não sente a menor atração por entrar no lugar. Tudo mal arrumado, livros amontoados pelo chão, péssima iluminação e a falta de cuidado com a circulação de ar que gera aquele forte odor de mofo.
Em geral, as pessoas que entram de forma despretensiosa numa livraria somente para olhar os títulos sem compromisso preferem as lojas que trabalham com livros novos. Entram para olhar as novidades do mercado editorial e, vez por outra, compram algo que lhes chamou atenção. Esse tipo de clientela é menos provável nos sebos, principalmente quando as lojas estão completamente desarrumadas, não apetecendo um passeio por entre as prateleiras. Sabemos que há um seleto grupo de frequentadores dos sebos. Pessoas que se aventuram a achar raridades e boas oportunidades em meio aos livros. Para estes, não importa se os livros estão organizados ou todos amontoados. Desbravar montanhas de livros empilhados é uma aventura prazerosa para eles. Contudo, convenhamos que se trata de um grupo pequeno de pessoas que não gera mercado suficiente para a sobrevivência do ramo. Por isso, ter uma loja arrumada, em todos os aspectos, é um convite para que muitas outras pessoas a frequente.
Existem alguns poucos sebos que se recusam a ter a aparência de "sebo". No centro do Rio de Janeiro há uma loja de livros usados que rejeita o termo "sebo", sendo uma verdadeira livraria com café e tudo mais que uma moderna livraria apresenta. Nem todo proprietário de sebo tem condição de ter uma estrutura dessa, mas ao menos deveria se empenhar em manter uma aparência agradável na loja.
Outro problema da desorganização dos sebos é quanto à manutenção e controle do acervo. Acontece que a principal clientela dos sebos são de pessoas que estão procurando especificamente alguma obra ou por alguma temática. Assim, a organização do acervo é primordial para que o atendente saiba dizer ao cliente duas coisas essenciais para quem trabalha com livros: se tem a obra no acervo e saber onde ela está. Por incrível que pareça, na maioria dos sebos há uma dificuldade imensa em saber se tem o livro no acervo e, depois, em encontrar o livro que o cliente deseja nas prateleiras ou nas pilhas.
Ocorreu várias vezes comigo de pesquisar determinada obra no site da "estante virtual" e localizá-la em algum sebo da minha cidade. Então, ao revés de comprar pela internet, vou até o sebo e lá chegando os atendentes ou o próprio dono confirma que o livro aparece registrado no sistema mas não conseguem encontrá-lo pela loja. Perde-se um bom tempo procurando em um monte de estantes, pilhas e estoques e nada. Qualquer pessoa que trabalhe com livros deveria saber a estante, a prateleira e a posição do livro.
Por fim, a questão da ganância. Creio que o problema ainda maior são os preços praticados pelos sebos nas duas pontas; ou seja, na compra e na venda dos produtos. Tanto na venda quanto na compra os sebos praticam preços surreais.
Quando se trata de um livro esgotado nas livrarias comuns eles colocam um preço extorsivo que é maior muitas vezes do que seria o preço normal do livro novo. Desta forma, mais vale você esperar que saia uma nova tiragem nas editoras do que comprar no sebo.
Mais absurdo ainda são as vezes que os sebos estão vendendo livros não esgotados mas por preços maiores que o do livro de primeira mão nas livrarias comuns. Pode parecer piada, mas acontece. Nas vezes que estive a procura de material para pesquisa acadêmica por mais de uma vez me deparei com este fenômeno de encontrar o livro novo mais barato que o usado. Por isso, sempre recomendo para a pessoa que está à busca de livros que faça a pesquisa de preço nos sites das grandes livrarias. Se o preço no sebo for maior, igual ou muito próximo mais vale comprar um novo.
Na outra ponta desta relação, quando você quer vender livros no sebo eles fazem uma avaliação e oferecem um preço irrisório por cada volume. Livros que venderão por mais de 50,00 reais muitas vezes não te oferecem nem 5,00 ! É claro que o dono do sebo precisa ter um bom lucro, pois paga a loja e toda a estrutura, impostos e empregados. Contudo, o preço que fazem para comprar um livro praticamente significa que você está doando o livro para eles ganharem dinheiro. Por isso mesmo, eles gostam de comprar preferencialmente grandes lotes do que poucos livros. Acontece quando alguém tem uma ou várias estantes cheias de livros de parecer que o dinheiro que eles ofereceram é interessante. Porém, se você for calcular não te deram nem 3,00 reais por livro. E quem gosta de livros sabe quão é caro encher uma prateleira da estante com boas obras.
Por isso, hoje em dia quando desejo me desfazer de algumas obras prefiro até doar para alguém que as queira ou para uma biblioteca.
Concluindo, um resumo de dicas para ir ao mercado dos sebos:
Não é pelo fato da pessoa trabalhar com livros usados que seu negócio deva parecer um galpão cheio de entulhos. Há muitos sebos onde o passante não sente a menor atração por entrar no lugar. Tudo mal arrumado, livros amontoados pelo chão, péssima iluminação e a falta de cuidado com a circulação de ar que gera aquele forte odor de mofo.
Em geral, as pessoas que entram de forma despretensiosa numa livraria somente para olhar os títulos sem compromisso preferem as lojas que trabalham com livros novos. Entram para olhar as novidades do mercado editorial e, vez por outra, compram algo que lhes chamou atenção. Esse tipo de clientela é menos provável nos sebos, principalmente quando as lojas estão completamente desarrumadas, não apetecendo um passeio por entre as prateleiras. Sabemos que há um seleto grupo de frequentadores dos sebos. Pessoas que se aventuram a achar raridades e boas oportunidades em meio aos livros. Para estes, não importa se os livros estão organizados ou todos amontoados. Desbravar montanhas de livros empilhados é uma aventura prazerosa para eles. Contudo, convenhamos que se trata de um grupo pequeno de pessoas que não gera mercado suficiente para a sobrevivência do ramo. Por isso, ter uma loja arrumada, em todos os aspectos, é um convite para que muitas outras pessoas a frequente.
Existem alguns poucos sebos que se recusam a ter a aparência de "sebo". No centro do Rio de Janeiro há uma loja de livros usados que rejeita o termo "sebo", sendo uma verdadeira livraria com café e tudo mais que uma moderna livraria apresenta. Nem todo proprietário de sebo tem condição de ter uma estrutura dessa, mas ao menos deveria se empenhar em manter uma aparência agradável na loja.
Outro problema da desorganização dos sebos é quanto à manutenção e controle do acervo. Acontece que a principal clientela dos sebos são de pessoas que estão procurando especificamente alguma obra ou por alguma temática. Assim, a organização do acervo é primordial para que o atendente saiba dizer ao cliente duas coisas essenciais para quem trabalha com livros: se tem a obra no acervo e saber onde ela está. Por incrível que pareça, na maioria dos sebos há uma dificuldade imensa em saber se tem o livro no acervo e, depois, em encontrar o livro que o cliente deseja nas prateleiras ou nas pilhas.
Ocorreu várias vezes comigo de pesquisar determinada obra no site da "estante virtual" e localizá-la em algum sebo da minha cidade. Então, ao revés de comprar pela internet, vou até o sebo e lá chegando os atendentes ou o próprio dono confirma que o livro aparece registrado no sistema mas não conseguem encontrá-lo pela loja. Perde-se um bom tempo procurando em um monte de estantes, pilhas e estoques e nada. Qualquer pessoa que trabalhe com livros deveria saber a estante, a prateleira e a posição do livro.
Por fim, a questão da ganância. Creio que o problema ainda maior são os preços praticados pelos sebos nas duas pontas; ou seja, na compra e na venda dos produtos. Tanto na venda quanto na compra os sebos praticam preços surreais.
Quando se trata de um livro esgotado nas livrarias comuns eles colocam um preço extorsivo que é maior muitas vezes do que seria o preço normal do livro novo. Desta forma, mais vale você esperar que saia uma nova tiragem nas editoras do que comprar no sebo.
Mais absurdo ainda são as vezes que os sebos estão vendendo livros não esgotados mas por preços maiores que o do livro de primeira mão nas livrarias comuns. Pode parecer piada, mas acontece. Nas vezes que estive a procura de material para pesquisa acadêmica por mais de uma vez me deparei com este fenômeno de encontrar o livro novo mais barato que o usado. Por isso, sempre recomendo para a pessoa que está à busca de livros que faça a pesquisa de preço nos sites das grandes livrarias. Se o preço no sebo for maior, igual ou muito próximo mais vale comprar um novo.
Na outra ponta desta relação, quando você quer vender livros no sebo eles fazem uma avaliação e oferecem um preço irrisório por cada volume. Livros que venderão por mais de 50,00 reais muitas vezes não te oferecem nem 5,00 ! É claro que o dono do sebo precisa ter um bom lucro, pois paga a loja e toda a estrutura, impostos e empregados. Contudo, o preço que fazem para comprar um livro praticamente significa que você está doando o livro para eles ganharem dinheiro. Por isso mesmo, eles gostam de comprar preferencialmente grandes lotes do que poucos livros. Acontece quando alguém tem uma ou várias estantes cheias de livros de parecer que o dinheiro que eles ofereceram é interessante. Porém, se você for calcular não te deram nem 3,00 reais por livro. E quem gosta de livros sabe quão é caro encher uma prateleira da estante com boas obras.
Por isso, hoje em dia quando desejo me desfazer de algumas obras prefiro até doar para alguém que as queira ou para uma biblioteca.
Concluindo, um resumo de dicas para ir ao mercado dos sebos:
- O site "estante virtual" consiste na melhor ferramenta de busca de livros em sebos. http://www.estantevirtual.com.br/
- Antes de comprar qualquer obra no sebo verifique nos sites das grandes livrarias se a obra está esgotada e, se não, qual o preço da unidade.
- No sebo, não esqueça de verificar o estado de conservação do livro e perca um tempo verificando se não há falta de páginas.
- Em casa, não guarde os livros comprados em sebos na mesma prateleira junto com seus livros novos. Há espécies de mofos que se espalham rapidamente pelos livros da prateleira.
- Mesmo os livros usados é bom separar em prateleiras distintas aqueles que estão bem preservados daqueles que apresentam muitas manchas e odor forte.
- Sempre que for manusear livros lave bem as mãos antes e depois. A gordura natural de nossa pele fica nas páginas dos livros e cria um caldo de cultura para proliferação de micro-organismos.
- Os livros em mau estado de conservação podem ser parcialmente recuperados com uma higienização específica. Manchas de óleo podem ser retiradas com papel toalha absorvente e o mofo pode ser combatido deixando o livro com bicarbonato de sódio dentro de um plástico lacrado por alguns dias. Infestação de insetos nas páginas pode ser combatida deixando os livros por um período na geladeira. Há uma página na internet que dá excelentes dicas de como higienizar os livros que apresentam estes problemas: http://pt.wikihow.com/Limpar-um-Livro
Boa leitura para vocês !
OBS: Se você costuma comprar livros nos sebos compartilhe dicas e lugares nos comentários aqui abaixo desta postagem.
Participe do grupo "prophisto" de história Geral & Brasil no facebook:
https://www.facebook.com/groups/prophisto/
OBS: Se você costuma comprar livros nos sebos compartilhe dicas e lugares nos comentários aqui abaixo desta postagem.
Participe do grupo "prophisto" de história Geral & Brasil no facebook:
https://www.facebook.com/groups/prophisto/
Sou um comprador regular em sebos aqui no Rio de janeiro e concordo em gênero número e grau com suas observações. Por isso que tenho sebos preferenciais, nos quais encontro organização e um preço justo. Quanto aos cuidados com a higienização dos livros usados, além de evita compra os muito maltratados, tenho por hábito limpar capa, sobre capa e bordas com álcool gel e toalha de papel antes de colocá-los na estante. Não tive até agora problemas relacionados a fungos por conta disso.
ResponderExcluirEu já adquiri mais de 200 obras na Estante Virtual. Mas deixei de comprar na EV. Motivo: coloquei a qualificação de um sebo do Rio (Lima Barreto) com observações negativas e esta desapareceu. Ou seja, se vc qualifica de forma negativa a Estante Virtual anula e some com a sua qualificação. Como confiar que as qualificações expressam a verdade?
ResponderExcluir