Devo iniciar dizendo que tem bastante tempo que não uso cadernos. Na verdade, desde o período colegial que não usei mais anotar aulas em cadernos. Na faculdade, levava folhas em branco de papel A4, numa pasta, para escrever. Era menos volumoso que os rechonchudos cadernos. O problema de se escrever em folhas soltas é que requer disciplina e organização. É necessário numerar e arquivar as folhas escritas, em pastas, no mesmo dia em que foram preenchidas; sob pena de perder e embaralhar as folhas.
Agora, numa fase um pouco mais "relaxada", sem a mesma paciência para a organização imediata das folhas, resolvi ir ao mercado para adquirir alguns cadernos para usar em diversos temas que pretendo pesquisar.
Dirigi-me às lojas americanas, tradicional comércio de artigos mais baratos, e tomei um tremendo susto. Vejam os amigos que achei cadernos em "oferta" por 29,99 e 39,99; ou seja, por 30 ou 40 reais!
Fiquei totalmente estarrecido pelos preços cobrados!
No mesmo dia entrei numa famosa livraria e encontrei vários títulos que poderiam ser comprados por R$ 40,00 e ainda sobrava troco !!!
Isso me fez lembrar de histórias que contam minha mãe e avó. De que nas primeiras décadas do século passado os cadernos eram artigos de luxo. Só crianças de classe média e alta levavam cadernos para as escolas. Os alunos pobres escreviam em papel de pão ! As mães juntavam as folhas de papel pardo que as padarias usavam para embrulhar as bisnagas, desamassavam, recortavam em tamanhos de páginas de caderno e costuravam umas às outras pela borda esquerda para fazer um caderno rústico. Muitos alunos concluíam o período escolar anotando as matérias nesses cadernos improvisados.
Estamos voltando ao tempo do aluno da escola pública precisar escrever em papel de pão. O problema é que hoje as padarias não vendem mais bisnagas, somente pão francês. Por isso, não embrulham mais no papel pardo. Colocam naqueles sacos de papel que, geralmente, vêm todos impressos com o nome da padaria. Assim, não há sequer a possibilidade de usar o velho recurso do início do século passado.
Uma resma de papel A4, com 500 folhas, está saindo por R$ 20,00.
Resultado, não vou comprar caderno algum e nem recomendo ninguém a comprar !
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