domingo, 4 de junho de 2017

O terror toma conta da Inglaterra. O terrorismo é sempre muçulmano?



Nesta última semana vários atos terroristas vem alarmando a população inglesa. O primeiro ocorreu em Manchester no show de Ariana Grande, uma cantora voltada para o público adolescente. Neste fim de semana (03/06) novos atos ocorreram em Londres. Homens em uma van atropelaram vários pedestres na ponte de Londres enquanto outros esfaquearam várias pessoas pelas ruas. Os atentados ocorrem a poucos dias das eleições gerais para o Parlamento britânico, que estão marcadas para a próxima quinta-feira (08/06).

Por ora, o governo britânico ainda não anunciou oficialmente se tem certeza sobre as motivações deste atos. Nenhum grupo ainda reivindicou a autoria dos atentados. O noticiário tende a sempre associar terrorismo ao universo islâmico. Isto gera um imaginário muito ruim que aumenta as tensões culturais entre ocidente e oriente. Mesmo no Brasil, que não é destino de ações terroristas ligadas a grupos árabes, as pessoas associam a religião islâmica ao terrorismo. Já ocorreu, inclusive, de pessoas usando véu islâmico em ruas brasileiras tenham sido tachadas como terroristas.

Mas o terrorismo é intrinsecamente islâmico ?

O terrorismo consiste em atos de violência contra civis que, em regra, é utilizado para obter fins políticos. Há autores que consideram a guerrilha como forma de terrorismo, mas trata-se de atos contra um Estado inimigo ou invasor, sendo melhor classificada como guerra assimétrica. Entendemos que a melhor conceituação é aquela que define o terrorismo como atos não dirigidos às forças de um Estado, mas contra os seus cidadãos.

Neste sentido, o terrorismo existe desde tempos imemoriais. Desde que as primeiras tribos humanas se consolidaram que houve o revanchismo dos membros de uma tribo contra os de outra por questões de descontentamento de ordem política ou econômica. Se não havia como atingir diretamente as autoridades constituídas da tribo rival, realizava-se atos contra as pessoas que faziam parte daquele clã.

O primeiro registro histórico sobre atos de terrorismo que se tem notícia é de um grupo de judeus que lutavam contra a dominação do império romano. Isto ocorreu muito antes da fundação da religião islâmica pelo profeta Mohamed. Durante o período de dominação romana na Judeia havia um grupo denominado "zelotes" (aqueles que zelam pela palavra de Deus) que participavam ativamente do movimento judaico que incitava o povo a se rebelar contra os romanos. Com base na crença de que os judeus eram o povo "escolhido" de Deus, não concordavam que os escolhidos fossem dominados por uma nação estrangeira que não acreditava nas leis de Jeová. Por isso, pregavam o uso das armas para expulsar os romanos. Foram responsáveis pela deflagração de várias rebeliões, mas nenhuma logrou êxito em libertar a região. Uma vez que não possuíam força suficiente para enfrentar com êxito as legiões romanas, surgiu entre os zelotes um grupo radical chamado "sicários" (homens com punhal) que atacavam a punhaladas cidadãos romanos ou judeus considerados simpatizantes do império. Muitos historiadores delimitam o movimento dos sicários como o primeiro registro de um grupo terrorista.

Desde então, nos diversos períodos históricos, nas mais variadas regiões do planeta, envolvendo diversas culturas humanas, tivemos notícias da organização de grupos terroristas.

Na história recente podemos citar diversos grupos que usaram o terrorismo como arma reivindicatória para alcançar seus objetivos. Entre eles o Ordine Nuovo na Itália, a Ação Direta na França, o Sendero Luminoso no Peru, o Setembro Negro na palestina, o grupo basco Eta na Espanha, o IRA na Irlanda, A Máfia italiana, o Cartel de Medellín na Colômbia, a Supremacia Branca nos Estados Unidos, a alcaida, entre outros.

Assim, cremos que ainda iremos conviver por muitas gerações com o terrorismo como um fato humano.

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Referência bibliográfica:

Silva, Kalina Vanderlei e Maciel Henrique Silva. Dicionário de Conceitos Históricos. 3.ed. São Paulo: Contexto, 2015.


Um comentário:

  1. Parece contraprodutivo trazer à tona ameaças inexistentes na atualidade, ao invés de dar atenção aos grupos que têm sido responsáveis por quase todos os ataques terroristas na última década. Mudar de assunto pode ser mais conformável, mas não ajuda em nada.

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