terça-feira, 13 de junho de 2017

"Há escolas que são gaiolas e há escolas que são asas". Rubem Alves e a escola sem partido.


É necessário que estejamos sempre relembrando os grandes pensadores do campo da educação no Brasil para a nova geração de pedagogos e professores. Principalmente neste período em que a educação e seus principais nomes são alvos de sórdidas campanhas difamatórias.

Nomes como do professor Anísio Teixeira, que foi um pioneiro na implantação do sistema público de ensino e via a educação como algo em constante processo de reconstrução para atingir a meta de formar homens livres e não homens dóceis. Paulo Freire foi nosso educador que atingiu maior prestígio internacional com a elaboração de sua pedagogia do oprimido, que busca a conscientização do aluno para que busque sua libertação da realidade opressiva em que vive. Outro importante  nome é o do professor Rubem Alves.

Rubem Alves era uma dessas pessoas que podemos dizer ser dono de um conhecimento enciclopédico. Além de escritor, também era psicanalista, educador e teólogo. Foi pastor luterano por muitos anos e, apesar da origem protestante, considerado um dos precursores da teologia da libertação. No campo educacional, sua visão sobre a função da escola pode ser sintetizada nesta bela frase que eternizou: "há escolas que são gaiolas e há escolas que são asas".

Todos esses três grandes educadores brasileiros militavam em prol de uma educação que conferisse capacitação crítica aos alunos e  que desenvolvesse suas habilidades criativas e transformadoras. Além de defenderem a formação socioconstrutivista do processo de conhecimento.

Anísio Teixeira morreu de forma muito suspeita durante a ditadura militar. Paulo Freire e Rubem Alves forma perseguidos e se exilaram. Rubem Alves morreu a pouco tempo, em 2014, quando já vinha sofrendo por algum tempo com os efeitos do mal de parkinson.

Rubem Alves faleceu sem ter o desprazer de assistir aos grandes retrocessos pelos quais nossa educação vem passando. O atual movimento escola sem partido vai na contramão de nossa evolução no campo educacional. Sob o pretexto de uma suposta disciplina e ordem prega medidas que acabam engessando os alunos e tirando sua criatividade.  E acreditam numa educação tecnicista que prepara o aluno para o mercado de trabalho mas que não estimula sua capacidade crítica para uma vida transformadora. Os ideólogos da escola sem partido poderão conseguir que os alunos mantenham-se em forma durante os eventos cívicos, mas dificilmente os transformarão em cidadãos em toda sua plenitude.

Se o professor Rubem Alves estivesse vivo, provavelmente diria que a tal escola sem partido deseja transformar todas as escolas em gaiolas!

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