sábado, 29 de abril de 2017

Trocando as bolas: um embate inusitado durante a greve geral no RJ.





Nesta greve geral da última sexta feira, dia 28/04/2017, um enfrentamento muito curioso ocorreu na cidade do Rio de Janeiro, próximo ao palácio da Assembleia Legislativa (ALERJ). No episódio se envolveram dois personagens muito peculiares, de um lado um comediante global do extinto programa Casseta e Planete e do outro um conselheiro do Fluminense Football Club.

Parece que o comediante foi às ruas para fazer algum tipo de imagem com piadas em oposição à manifestação. O grupo em que se encontrava o conselheiro do fluminense detectou a intenção do comediante e houve uma discussão entre a partes e o comediante, isolado, precisou deixar o local.

O curioso nesta notícia é que, a priori, os personagens parecem trocados de lado, como naquele filme estrelado pelo ator Eddie Murphy,

Este comediante nunca fez um humor refinado orientado para o consumo das altas classes sociais. Seu período de maior aparição midiática foi quando integrou o elenco do programa Casseta e Planeta, na Globo, cujo telespectador era prioritariamente o povão. E mesmo antes da globo contratar o grupo, editavam um pequeno jornal que tinha um viés de crítica bem humorada.  Porém, nada  comparado a envergadura intelectual e humorística de um Pasquim ! Desta forma, era de se esperar pela biografia do humorista que estivesse ao lado das lutas populares neste período de cortes de direitos trabalhistas e previdenciários. Mas, ao contrário, tem se notabilizado como uma voz a serviço dos grupos conservadores mais extremos.

Do outro lado, um conselheiro de um dos clubes mais identificados com a elite da cidade. Sua torcida é conhecida como "a mais charmosa" do Brasil, supostamente pela tradição que o clube nutriu dentre as camadas mais abastadas da antiga capital federal. Quando a capital brasileira estava sediada na cidade do Rio de Janeiro, o salão nobre das laranjeiras envergava festas de alto requinte com a presença da nata política e social da sociedade. Até pelo fato do clube estar edificado estrategicamente ao lado do palácio do governo. Por isso, o tradicional mascote do clube era o "cartola", que não era o antigo sambista da mangueira. O cartola, mascote do fluminense, era um sujeito trajando fraque e cartola nas cores do clube. Hoje, o clube tenta se desvencilhar desta imagem de um clube voltado para as elites e elegeu um novo mascote que é o "guerreirinho". Desta forma, era de esperar que o conselheiro do clube pudesse estar a favor das reformas, mas não. O conselheiro estava nas ruas participando do dia de movimento contra as reformas.

A imprensa noticiou que o citado conselheiro estava vestindo uma camisa com o escudo do clube. Não é bem verdade. Ele estava com a camisa de um movimento politizado de esquerda iniciado por torcedores do clube com esta ideologia. Trata-se do movimento "tricolores de esquerda", que usa como símbolo uma imagem do contorno do escudo do fluminense mas que no interior não traz as letras do clube, mas um punho cerrado.

Este fato, pode ser um estudo de caso para reafirmar a tese do filósofo húngaro Georg Lukács, que rompeu com o determinismo marxista ao entender que nem sempre a consciência de classe do indivíduo  está ligada invariavelmente à sua origem de classe. Um intelectual pode se identificar com a luta do proletariado através da aquisição do conhecimento e de sua formação crítica.

Desta forma, queremos deixar nossa solidariedade ao "guerreiro tricolor" nas trincheiras do povo trabalhador. Esperamos que não sofra algum tipo de sanção dentro do quadro social do clube.

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