domingo, 16 de abril de 2017

A operação lava jato no império romano.






A presente época no Brasil nos traz a "novidade" de que múltiplos políticos dos mais variados partidos tiveram suas campanhas eleitorais regadas por verbas advindas de esquemas escusos. Esse é o suposto objetivo principal da chamada operação lava jato, que constitui um esforço persecutório do judiciário na busca de evidências do uso de caixa 2 nas campanhas.

Usamos o vocábulo "novidade", no parágrafo anterior, por conta da grande mídia e do próprio processo em curso levar o espectador à falsa conclusão que a corrupção para fins eleitoreiros seja algo inédito, que aconteceu da última década para cá.

Segundo as palavras de Emílio Odebrecht, patriarca da família que construiu a grande empreiteira nacional, em vídeo de sua delação, este é um processo que ele tem conhecimento que ocorre a mais de 30 (trinta) anos. E que vários órgãos e, inclusive, a grande mídia tinha conhecimento do que ocorria no submundo das propinas para partidos políticos. 

E, certamente, este tipo de expediente não é novidade para a história.Não é somente nos últimos 30 anos e no Brasil que a política se desenvolve por maneiras ilegítimas.

Na obra "SPQR, uma história da Roma antiga" a autora Mary Beard narra essas mesmas ocorrências tendo lugar nas disputas para cargos eleitorais em Roma. No primeiro capítulo, a autora destrincha os bastidores e consequências de uma disputa entre Cícero e Catilina para a vaga de Cônsul. Catilina perdeu e por estar falido financeiramente teria tentado fomentar uma revolta. Cícero faz a denúncia contra Catilena no Senado, onde ambos realizam um embate verbal. Esta passagem é retratada em obra do célebre pintor italiano Maccari (que pode ser vista no início deste texto). Cicero aparece de pé, ao centro, realizando sua oratória, enquanto Catilina está sentado isolado e de cabeça baixa.

No entanto, é muito interessante ver como a autora descreve a política romana no seguinte trecho:

"Uma campanha eleitoral em Roma podia ser um negócio dispendioso. Por volta do século I a.C. exigia o tipo de generosidade pródiga que nem sempre é fácil de distinguir do suborno. As apostas eram altas. Aqueles que fossem bem sucedidos nas eleições tinham a oportunidade de recuperar seu desembolso, legal ou ilegalmente, por meio de algumas das regalias do cargo. Os fracassados - e, como no caso das derrotas militares, havia mais gente nessa condição em Roma do que geralmente se admite - afundavam-se ainda mais em dívidas."

Assim, ficando evidente que a "lava jato" não traria surpresas unicamente no Brasil da última década !

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