quinta-feira, 20 de abril de 2017

A Escola como espaço de formação capitalista. Pequenas crianças & Grandes negócios.






Um colega publicou numa rede social a foto de material didático que visa orientar crianças de 8 anos, do ensino fundamental I, no sentido de formarem desde jovens uma mentalidade empreendedora como projeto de vida. (A foto enviada do citado livro didático encontra-se no final deste texto)

Não li o material, por isso não posso realizar uma crítica do conteúdo, somente da proposta veiculada no título da obra para inclusão da disciplina em sala de aula. Disseram que o conteúdo traz temáticas que lembram um pouco a antiga "moral e cívica" e dinâmicas que fomentariam a iniciativa e criatividade das crianças. 

Toda forma de incentivar a criatividade das crianças é jovens é muito bem vinda. Porém, preocupa se existir, por trás das boas intenções, um viés político e ideológico. Pode-se tentar orientar a formação de uma geração pouco preocupada com as questões sociais, sem uma percepção de alteridade. Uma geração que veja a meritocracia como única fórmula social a ser perseguida.

A forma como essa discussão vai ser desenvolvida, ainda na infância,. pode levar à criação de uma população alienada quanto aos seus direitos e, principalmente, aos direitos dos próximos. Pois, se o meu projeto de vida depende unicamente do meu mérito empreendedor pessoal, não há que que eu possa cobrar de ninguém. Menos ainda exigir dos governos que façam uma política social adequada às necessidades da maioria da população. Mentalidade que viria bem a calhar quando se tenta excluir políticas sociais, trabalhistas e previdenciárias através de terceirizações e da pejotização.

Interessante, que por conta dos cabelos brancos, posso testemunhar mudanças sociais que afetam o universo infantil. As crianças em décadas atrás eram notavelmente criativas. Usavam botões de paletós para jogar futebol de mesa. Com madeira e alguns pregos construíam um pequeno campo de futebol em tabuleiro. As brincadeiras de bonecas simulavam a vida adulta em inúmeros detalhes. Uma capa e um cabo de vassoura era, muitas vezes, os objetos necessários para encenar os contos infantis. E poderia listar exemplos por muitas laudas. Atualmente, quanto mais o mercado de consumo invadiu o campo infantil, mais tolhido ficou este horizonte criativo. Necessita-se da troca constante de tecnologias para manter as brincadeiras e jogos atuais. O mercado de consumo substituiu a criatividade.

Por isso, fica a pergunta se não seria mais interessante um material que incentivasse a solidariedade e a fraternidade nesses primeiros anos da vida escolar.

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