O filme "O quarto de Jack" é uma adaptação para o cinema da obra literária homônima da autora irlandesa Emma Donoghue. O filme foi lançado em 2015 e ganhou o oscar de melhor atriz para Brie Larson, que interpretou o papel de Joy, mãe de Jack, que por sua vez é interpretado pelo ator mirim Jacob Tremblay. O enredo conta a história do menino Jack que nasceu e viveu, até os cinco anos, sempre dentro de um pequeno quarto de 7m2. Ocorre que Joy, quando tinha 17 anos de idade, foi raptada por um indivíduo que a deteve em cativeiro (o quarto) por vários anos. O pequeno Jack nasceu de relações que o raptor mantinha com Joy. Jack ficou preso dentro do quarto com sua mãe desde o nascimento.
No quarto não havia janelas e Jack conhecia o mundo apenas através de uma televisão e do que sua mãe contava. Para não angustiar o menino, Joy contou que o mundo se resumia às paredes daquele quarto. Que atrás das paredes havia o nada ou o espaço e que a televisão era como uma tela mágica que mostrava o que acontecia em outros mundos.
Jack estava perfeitamente adaptado àquela falsa realidade. Ele se sentia muito confortável naquele pequeno cubículo. Inclusive, enquanto os personagens estão presos no quarto, a direção do filme optou por gravar num quarto de dimensões bem maiores do que os parcos 7m2, para mostrar a percepção do espaço através dos olhos de Jack. Mais tarde, quando conseguiram fugir do cativeiro e, depois, o menino resolveu revisitar o lugar, Jack acaba estranhando o local, que agora parece muito menor.
A tela do aparelho de televisão foi o principal vetor na formação do menino durante os anos aprisionado. Jack acreditava que as "mágicas" que aconteciam nos filmes eram possíveis, que os desenhos animados existissem nalgum outro mundo e que os estereótipos apresentados eram verdadeiros. Um dia, quando uma folha caiu na claraboia que havia no teto do quarto, Jack não conseguiu acreditar que se tratava de uma folha, como contou sua mãe, pois a folha na claraboia estava seca e as folhas da televisão eram sempre verdes.
Porém, o conforto de Jack se dilui quando chega aos cinco anos de idade e sua mãe crê que ele já possui idade suficiente para entender a verdade e, até, ajudar num plano de fuga. Quando sua mãe revela que há muito mais atrás das paredes do quarto o pequeno menino não acredita, fica irritado e se volta momentaneamente contra Joy.
A estória em "O quarto de Jack" dialoga muito de perto com o "mito da caverna", que corresponde a um tipo de "parábola" criada pelo filósofo grego Platão, entre várias outras que criou, para simplificar alguns de seus sistemas de pensamento quando ensinava na sua academia em Atenas.
Em "o mito da caverna", Platão descreve uma situação onde algumas pessoas se encontram aprisionadas, desde o nascimento, por correntes no interior de uma caverna e de costas para a saída da mesma. De forma que conheciam o mundo exterior apenas pelas formas das sombras que eram projetadas na parede dos fundos da caverna. Certo dia um dos prisioneiros se liberta e vai explorar o mundo exterior e, posteriormente, volta para contar aos seus companheiros de cativeiro a realidade das pessoas, plantas e animais que eram conhecidos por eles apenas por meio das sombras. Porém, seus colegas não aceitam sua narrativa, pois acreditam apenas na realidade projetada pelas sombras e se voltam contra ele.
Para Platão, todos nós estamos aprisionados dentro de alguma caverna. Ela corresponde ao conjunto de valores aos quais nos apegamos para ver e interpretar o mundo ao redor. A própria cultura, na qual estamos inseridos, constrói as paredes de nossa caverna particular. Somente através do discernimento de que é necessário nos afastarmos de nosso sistema de crenças para analisar um determinado fato com imparcialidade, para chegar à realidade, é que saímos da caverna. E, para tal, a filosofia é ferramenta essencial.
O personagem Jack conseguiu realizar esta passagem de dentro para fora da caverna. Nasceu de novo, como sugere a maiêutica socrática. No início, ele se revolta contra a mãe que desconstrói as suas crenças, mas depois absorve os novos conceitos e ajuda, com sucesso, na fuga do quarto.
Curiosamente, hoje em dia vemos um movimento reverso em relação à caverna, As pessoas andando pelas ruas e não enxergam nada além da tela de sues smartphones. Numa escola que passei havia duas alunas tímidas que ficavam isoladas durante o recreio, mas que conversavam entre si através dos celulares, ainda que estivessem uma ao lado da outra! A internet, que pode ser uma ferramenta de conhecimento, está se tornando mais um elo das correntes que nos aprisionam a todo tipo de discurso extremista. Como diz o professor Cortella, a maioria não navega na internet. Eles naufragam!
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No quarto não havia janelas e Jack conhecia o mundo apenas através de uma televisão e do que sua mãe contava. Para não angustiar o menino, Joy contou que o mundo se resumia às paredes daquele quarto. Que atrás das paredes havia o nada ou o espaço e que a televisão era como uma tela mágica que mostrava o que acontecia em outros mundos.
Jack estava perfeitamente adaptado àquela falsa realidade. Ele se sentia muito confortável naquele pequeno cubículo. Inclusive, enquanto os personagens estão presos no quarto, a direção do filme optou por gravar num quarto de dimensões bem maiores do que os parcos 7m2, para mostrar a percepção do espaço através dos olhos de Jack. Mais tarde, quando conseguiram fugir do cativeiro e, depois, o menino resolveu revisitar o lugar, Jack acaba estranhando o local, que agora parece muito menor.
A tela do aparelho de televisão foi o principal vetor na formação do menino durante os anos aprisionado. Jack acreditava que as "mágicas" que aconteciam nos filmes eram possíveis, que os desenhos animados existissem nalgum outro mundo e que os estereótipos apresentados eram verdadeiros. Um dia, quando uma folha caiu na claraboia que havia no teto do quarto, Jack não conseguiu acreditar que se tratava de uma folha, como contou sua mãe, pois a folha na claraboia estava seca e as folhas da televisão eram sempre verdes.
Porém, o conforto de Jack se dilui quando chega aos cinco anos de idade e sua mãe crê que ele já possui idade suficiente para entender a verdade e, até, ajudar num plano de fuga. Quando sua mãe revela que há muito mais atrás das paredes do quarto o pequeno menino não acredita, fica irritado e se volta momentaneamente contra Joy.
A estória em "O quarto de Jack" dialoga muito de perto com o "mito da caverna", que corresponde a um tipo de "parábola" criada pelo filósofo grego Platão, entre várias outras que criou, para simplificar alguns de seus sistemas de pensamento quando ensinava na sua academia em Atenas.
Em "o mito da caverna", Platão descreve uma situação onde algumas pessoas se encontram aprisionadas, desde o nascimento, por correntes no interior de uma caverna e de costas para a saída da mesma. De forma que conheciam o mundo exterior apenas pelas formas das sombras que eram projetadas na parede dos fundos da caverna. Certo dia um dos prisioneiros se liberta e vai explorar o mundo exterior e, posteriormente, volta para contar aos seus companheiros de cativeiro a realidade das pessoas, plantas e animais que eram conhecidos por eles apenas por meio das sombras. Porém, seus colegas não aceitam sua narrativa, pois acreditam apenas na realidade projetada pelas sombras e se voltam contra ele.
Para Platão, todos nós estamos aprisionados dentro de alguma caverna. Ela corresponde ao conjunto de valores aos quais nos apegamos para ver e interpretar o mundo ao redor. A própria cultura, na qual estamos inseridos, constrói as paredes de nossa caverna particular. Somente através do discernimento de que é necessário nos afastarmos de nosso sistema de crenças para analisar um determinado fato com imparcialidade, para chegar à realidade, é que saímos da caverna. E, para tal, a filosofia é ferramenta essencial.
O personagem Jack conseguiu realizar esta passagem de dentro para fora da caverna. Nasceu de novo, como sugere a maiêutica socrática. No início, ele se revolta contra a mãe que desconstrói as suas crenças, mas depois absorve os novos conceitos e ajuda, com sucesso, na fuga do quarto.
Curiosamente, hoje em dia vemos um movimento reverso em relação à caverna, As pessoas andando pelas ruas e não enxergam nada além da tela de sues smartphones. Numa escola que passei havia duas alunas tímidas que ficavam isoladas durante o recreio, mas que conversavam entre si através dos celulares, ainda que estivessem uma ao lado da outra! A internet, que pode ser uma ferramenta de conhecimento, está se tornando mais um elo das correntes que nos aprisionam a todo tipo de discurso extremista. Como diz o professor Cortella, a maioria não navega na internet. Eles naufragam!
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O talento de Jacob Tremblay é impressionante. Ele cresceu incrivelmente como um ator desse papel. O papel que realizo em a Refém Do Medo é uma das suas melhores atuações, a forma em que vão metendo os personagens e contando suas historias é única. Na minha opinião, este foi um dos mehores filmes suspense 2016 que foi lançado. O ritmo é bom e consegue nos prender desde o princípio O filme superou as minhas expectativas, o ritmo da historia nos captura a todo o momento. Jacob Tremblay esta impecável. Ele sempre surpreende com os seus papeis, pois se mete de cabeça nas suas atuações e contagia profundamente a todos com as suas emoções.
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