terça-feira, 7 de novembro de 2017

O Brasil e a crise civilizatória. Pessoas patéticas vão até o local do Enem 2017 somente para humilhar os candidatos atrasados.




A cada dia que passa temos pessoas dando novos exemplos de que passamos por uma séria crise civilizatória. O último desses vexames ocorreu no enem realizado no fim de semana passado. Várias pessoas saíram de suas casas e se dirigiram aos portões dos locais de prova unicamente para se divertiram às custas da humilhação daqueles que perderam o horário da prova. Escarneciam, xingavam e até se deram ao trabalho de fazer cartazes para humilhar os candidatos.

Trata-se de gente patética e que, muito provavelmente, possui uma péssima autoestima. Provavelmente, o perfil psicológico daqueles que precisam humilhar quem está em volta para se sentir melhor consigo mesmo. Gente bem resolvida psicologicamente não gastaria seu tempo para passar por este papel ridículo.

Pior ainda que ouvi algumas pessoas defendendo esta idiotice. Desde youtubers até, quem diria, professores defenderam o que chamaram de "humilhação positiva". Segundo eles, trata-se de humilhação didática que favorecerá os atrasados no resto de suas vidas. Um professor disse que também é uma espécie de "homenagem" àqueles que se apresentaram na hora aprazada.  Neste sentido, qualquer dia estarão humilhando os gordos que passam nas ruas para homenagear aqueles que comem alface e vão à academia, entre outras hipóteses.

Humilhar qualquer pessoa, sob qualquer pretexto, é algo bem pequeno. Contudo, ainda que admitíssemos alguma finalidade pedagógica em relação à pontualidade, só poderíamos levar isto a cabo se vivêssemos na França ou em outra cidade bem planejada, onde as pessoas vivem com mínimo de dignidade e com sistema de transporte eficiente. 

No Brasil, onde as pessoas humildes vivem muito longe do centro, nas periferias, e tendo um transporte público de péssima qualidade não é inteligente a fundamentação acima,. Quem mora longe e vive em situação de dificuldade, qualquer evento pode significar a perda do horário. Pode ocorrer uma chuva durante a noite, um tiroteio nas comunidades, um problema de saúde sem atendimento próximo, dentre muitas outras ocorrências. 

Além disso, ainda há a falta de empatia de alguns patrões com seus empregados. Como no caso do confeiteiro que não foi liberado a tempo pelo dono da padaria.

Certamente, o sujeito que pensa em "humilhação positiva" é aquele de classe média que tem seu carro, ou pode pegar um táxi ou, ainda, tem condução abundante à porta de casa.

Claro que existem os descuidados que perdem o horário numa bobeira. Porém, nem isso deveria ser motivo para alguém se mobilizar até o local de prova, sem ter nada para fazer lá, só para ficar de gozação.

Concluindo, quem faz isso é o tipo de gente de espírito mais pequeno que existe. O candidato que perdeu o enen poderá repeti-lo ano que vem. O idiota que vai até o local de exame só para sacanear os outros será para sempre um pateta. O primeiro tem solução, o segundo não.

Youtuber acha normal rir de atrasados:

Confeiteiro perde o horário da prova por culpa do patrão.

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Um comentário:

  1. Tempos bicudos. A miséria de um faz a alegria do outro. Breve veremos um bacanal na frente da casa de um morto.

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