sábado, 26 de março de 2022

O Amor Não Vê as Horas.

 


O Amor Não Vê as Horas.

Em 1991, havia um pesado telefone verde na minha casa. Era um daqueles antigos telefones com fio. Que possuía um disco para fazer a discagem do número e realizar a chamada. Naquele tempo, a operadora de telefonia ainda era a estatal Telerj. A conta telefônica era cobrada por pulsos. Tanto tempo de telefonema correspondia a um pulso. Um pulso correspondoa a um determinado valor em dinheiro. A quantidade de pulsos utilizados no mês indicava o total da conta. A companhia telefônica concedia um benefício a quem ligasse após às 23hs. Após esse horário, poderíamos falar o tempo que quiséssemos que contaria apenas 1 pulso. Pessoas que possuíam família em lugares distantes e os namorados usavam este horário para não pagarem uma pequena fortuna à Telerj.

Em 1991, me apaixonei pela minha colega de turma. Eu passava a manhã interia conversando com ela na faculdade e ainda passeávamos à tarde para não sentir saudade.

Em 1991, numa daquelas noites de verão, após passarmos o dia juntos, decidi fazer uma ligação para ela. E não é que descobrimos que ainda tínhamos muito assunto para falar! Conversamos sobre as aulas, os passeios, sobre os colegas, sobre nós e muitas outras coisas. O importante não era o conteúdo. O importante era não deixar acabar o telefonema. Os apaixonados precisam estar perto, nem que seja pela voz. Falamos tanto, que o dia seguinte começou a raiar e ainda estávamos longe de terminar o assunto. O horário de se dirigir para a faculdade findou a ligação.

Em 1991, construí um conceito particular de amor:

"Amar é passar a noite ao telefone com ela e nem perceber o tempo passar".

Em 1991, não continuamos juntos. A vida nos levou por caminhos diferentes. Nos avistamos uma vez ou outra na faculdade. Um breve reencontro após a formatura. Depois disso, nos perdemos de vista.

Em 2021, não tenho mais o pesado telefone verde. Ainda tenho uma linha fixa, mas o aparelho é sem fio e fica carregando numa base. Tenho, também, o smartphone. Além disso, o notebook e várias redes sociais (twitter, facebook, youtbe, blog, etc...).

Em 2021, reencontrei a minha paixão da faculdade. Na verdade, foi ela quem me encontrou. Eu havia feito um comentário na página de facebook de uma antiga colega da faculdade. Ela viu o comentário e me enviou uma mensagem pedindo que a aceitasse como amiga na rede. Eu aceitei!

Em 2021, numa noite, pouco após aceitar o convite dela, estávamos ambos online e começamos a conversar por mensagem de texto. Relembramos os tempos de faculdade, nosso namoro, os colegas, as aulas do curso e, quando a conversa parecia ter seu fim, saltava um novo tema para não deixar acabar. Quando olhamos pela janela, o dia seguinte começava a raiar.

Em 2021, atualizei o meu conceito sobre o amor:

"Amar é passar a noite teclando com ela e nem perceber o tempo passar".

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