A categoria dos médicos foi, sem sombra de dúvida, a que mais se mobilizou a favor da candidatura de Aécio Neves, nas últimas eleições presidenciais, e, depois, aderiu aos movimentos pró impeachment ainda que não restasse comprovado crime de responsabilidade por parte da presidente em exercício.
Acontece que os profissionais da saúde há muito tempo, e não somente durante o governo passado, estão com as condições de trabalho, no setor público, e os salários deveras defasados. Por isso, os médicos brasileiros têm resistência a ir trabalhar no interior do país ou nas periferias. Pois, nestes lugares as condições são ainda mais precárias e os baixos salários não compensam. Desta forma, o médico recém formado deseja ficar nos grandes centros, onde pode ter a garantia do emprego público, ficar próximo dos cursos de aprimoramento profissional e ainda ganhar um bom dinheiro no seu consultório particular. Algo que seria impossível nas pequenas cidades de interior, onde não há mercado consumidor para os altos preços das consultas particulares e nem a existência de universidades para dar continuidade aos estudos acadêmicos.
Para se deslocar ao interior dos estados, a categoria postulava que a carreira médica e seus salários fossem equiparados com o pessoal do judiciário. Quem é da área jurídica sabe que os formandos em direito passam a constituir um grupo chamado de "concurseiros". Viajam o país, do Oiapoque ao Chuí, realizando concursos até passar. Ainda que passe para um estado mais pobre e para trabalhar no interior os salários compensam, principalmente para as funções de juiz e ministério público.
Pessoalmente, concordo plenamente com esta postulação dos médicos. Quem salva vidas deveria ganhar igual ou superior a quem decide qual é o melhor direito. Não somente os médicos, mas muitos outros profissionais (como os professores) deveriam perceber remuneração parecida com aquela auferida aos altos funcionários da justiça.
Porém, o governo Dilma ao revés de estabelecer uma carreira com polpudos salários para o pessoal do estetoscópio, decidiu por trazer médicos do exterior para suprir a falta destes profissionais nas periferias pobres e no interior. Esta foi a senha para que os médicos incendiassem as discussões contrárias aos médicos cubanos e ao governo. Para a categoria, a vinda dos médicos estrangeiros representava o fim dos sonhos de uma carreira pública vantajosa financeiramente. Assim, se jogaram nos braços da oposição política ao governo ora no poder.
Só que os profissionais da saúde fizeram uma leitura muito equivocada da conjuntura política que se apresentava. A oposição de viés neoliberal, que historicamente defende o estado mínimo, jamais iria investir na estrutura hospitalar pública, num plano de carreira para os profissionais e, tão pouco, em altos salários.
O golpe parlamentar trouxe os neoliberais para o centro do poder estatal. Como consequência, a já combalida estrutura do SUS seria ainda mais precarizada, não haveria aumento nos proventos e os médicos ainda irão sofrer perdas nos seus consultórios particulares.
Ocorre que com as políticas públicas de distribuição de renda e de valorização do salário mínimo, levadas a cabo pelo governo anterior, muitos médicos estavam saindo das amarras do sistema dos planos de saúde, que pagavam valores irrisórios pelas consultas. Em regra, os médicos faziam o seguinte esquema: se o paciente tivesse um plano de saúde era cobrado um valor de consulta mais baixo, mas que ainda assim era bem mais vantajoso que a cobertura do plano de saúde.
Atualmente, no entanto, com as políticas recessivas implementadas pelo governo neoliberal, o mercado consumidor irá retroceder de forma avassaladora. A política de diminuição do salário mínimo, a reforma trabalhista e a reforma previdenciária empobrecerá significativamente o mercado consumidor interno. Os médicos ficarão novamente nas mãos dos planos de saúde, que poderão repassar valores ainda mais baixos pelas consultas.
Destarte, o apoio dos médicos ao golpe acabou configurando o clássico tiro no pé !
Com o atual grupo no poder, os médicos terão prejuízos tanto no setor público quanto no privado. E como tudo que está ruim pode ficar ainda pior, devemos lembrar que todos os semestres as universidades continuarão a inundar o mercado com mais uma leva de médicos recém formados. Uma vez que o recorte social do qual saem os estudantes de medicina continuará com capacidade financeira para custear o estudo. Isso torna a visão futura ainda mais catastrófica, pois se por um lado haverá o aumento contínuo de profissionais, por outro lado o mercado consumidor irá diminuir continuamente nos próximos anos.
O governo passado quando anunciou o programa "mais médicos" deixou uma luz no fim do túnel para a categoria. Foi a previsão legal que parte substantiva dos lucros futuros da exploração do petróleo no pré sal seriam aplicados na saúde e educação. Isto poderia corresponder à sonhada carreira e salários equiparados com o judiciário. O governo interino, além dos problemas já arrolados acima, ainda revogou esta disposição a respeito do investimento dos dividendos obtidos na exploração petrolífera na área da saúde e educação. Ainda pior, votaram lei que restringe os gastos na área por mais de 20 anos. Apagou a luz no fim do túnel !
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Para se deslocar ao interior dos estados, a categoria postulava que a carreira médica e seus salários fossem equiparados com o pessoal do judiciário. Quem é da área jurídica sabe que os formandos em direito passam a constituir um grupo chamado de "concurseiros". Viajam o país, do Oiapoque ao Chuí, realizando concursos até passar. Ainda que passe para um estado mais pobre e para trabalhar no interior os salários compensam, principalmente para as funções de juiz e ministério público.
Pessoalmente, concordo plenamente com esta postulação dos médicos. Quem salva vidas deveria ganhar igual ou superior a quem decide qual é o melhor direito. Não somente os médicos, mas muitos outros profissionais (como os professores) deveriam perceber remuneração parecida com aquela auferida aos altos funcionários da justiça.
Porém, o governo Dilma ao revés de estabelecer uma carreira com polpudos salários para o pessoal do estetoscópio, decidiu por trazer médicos do exterior para suprir a falta destes profissionais nas periferias pobres e no interior. Esta foi a senha para que os médicos incendiassem as discussões contrárias aos médicos cubanos e ao governo. Para a categoria, a vinda dos médicos estrangeiros representava o fim dos sonhos de uma carreira pública vantajosa financeiramente. Assim, se jogaram nos braços da oposição política ao governo ora no poder.
Só que os profissionais da saúde fizeram uma leitura muito equivocada da conjuntura política que se apresentava. A oposição de viés neoliberal, que historicamente defende o estado mínimo, jamais iria investir na estrutura hospitalar pública, num plano de carreira para os profissionais e, tão pouco, em altos salários.
O golpe parlamentar trouxe os neoliberais para o centro do poder estatal. Como consequência, a já combalida estrutura do SUS seria ainda mais precarizada, não haveria aumento nos proventos e os médicos ainda irão sofrer perdas nos seus consultórios particulares.
Ocorre que com as políticas públicas de distribuição de renda e de valorização do salário mínimo, levadas a cabo pelo governo anterior, muitos médicos estavam saindo das amarras do sistema dos planos de saúde, que pagavam valores irrisórios pelas consultas. Em regra, os médicos faziam o seguinte esquema: se o paciente tivesse um plano de saúde era cobrado um valor de consulta mais baixo, mas que ainda assim era bem mais vantajoso que a cobertura do plano de saúde.
Atualmente, no entanto, com as políticas recessivas implementadas pelo governo neoliberal, o mercado consumidor irá retroceder de forma avassaladora. A política de diminuição do salário mínimo, a reforma trabalhista e a reforma previdenciária empobrecerá significativamente o mercado consumidor interno. Os médicos ficarão novamente nas mãos dos planos de saúde, que poderão repassar valores ainda mais baixos pelas consultas.
Destarte, o apoio dos médicos ao golpe acabou configurando o clássico tiro no pé !
Com o atual grupo no poder, os médicos terão prejuízos tanto no setor público quanto no privado. E como tudo que está ruim pode ficar ainda pior, devemos lembrar que todos os semestres as universidades continuarão a inundar o mercado com mais uma leva de médicos recém formados. Uma vez que o recorte social do qual saem os estudantes de medicina continuará com capacidade financeira para custear o estudo. Isso torna a visão futura ainda mais catastrófica, pois se por um lado haverá o aumento contínuo de profissionais, por outro lado o mercado consumidor irá diminuir continuamente nos próximos anos.
O governo passado quando anunciou o programa "mais médicos" deixou uma luz no fim do túnel para a categoria. Foi a previsão legal que parte substantiva dos lucros futuros da exploração do petróleo no pré sal seriam aplicados na saúde e educação. Isto poderia corresponder à sonhada carreira e salários equiparados com o judiciário. O governo interino, além dos problemas já arrolados acima, ainda revogou esta disposição a respeito do investimento dos dividendos obtidos na exploração petrolífera na área da saúde e educação. Ainda pior, votaram lei que restringe os gastos na área por mais de 20 anos. Apagou a luz no fim do túnel !
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