terça-feira, 10 de abril de 2018

O suposto tapa de Ciro Gomes em youtuber. Até onde podemos ser constrangidos na rua? E a regulamentação de atividade de jornalista?



Está rolando um vídeo com o pré-candidato Ciro Gomes dando um tapinha na cabeça de um youtuber que aproveita a situação para criar um fato contra o candidato do PDT. Ocorre que o citado youtuber é de um conhecido canal conservador que usa da prática de fazer vídeos constrangendo, debochando, e sendo ostensivo contra pessoas que pensam de forma política diferente da dele.

Iremos deixar o link para o vídeo ao final do texto. Inclusive, com uma análise que conclui que o vídeo sofreu edição para dar a impressão que foi um tapa violento e não apenas um tapinha nas costas. Na análise, parece que o vídeo sofreu cortes entre uma posição da mão de Ciro e a outra em que a mão encosta na cabeça do youtuber. Assim, cortando o caminho do movimento da mão, fica parecendo que a mão chegou rapidamente à nuca, dando impressão de uma violência que não houve.

Deste fato já surgiram vários comentários na internet, em rádios, programas de televisão sobre a atitude do candidato. A atitude do youtuber é pouco debatida. Já ouvi dizer que o youtuber está na função dele. Que o Ciro é que teria de ter mais tranquilidade e etc.

Porém, entendo que a discussão deveria ser outra. O que é ou não é jornalismo ? Até onde uma pessoa que não é jornalista pode me filmar e me constranger para depois publicar em seu canal na internet?  Não sei se o citado youtuber também é jornalista! Porém, a forma como ele se comporta não é de jornalista. O jornalista, no trato dos entrevistados, é preciso demonstrar um mínimo de isenção. E esses caras não são isentos, a intenção deles é justamente constranger, tentar tirar uma reação de destempero e prejudicar a imagem de quem pensa de forma diversa. E mesmo as pessoas públicas têm direito à sua imagem. Ninguém deveria ter o poder de atacar outrem publicamente e depois postar o vídeo nas redes sociais.

Aliás, é preciso urgentemente voltar à discussão sobre a regulamentação da profissão de jornalista. Existe faculdade de jornalismo mas a profissão não é regulamentada. Assim, qualquer um de nós pode abrir um canal no youtube e se dizer jornalista. Talvez, as décadas de demora para se regulamentar a profissão seja para isso mesmo. Para que se possa usar politicamente essas pessoas que saem por aí com a função de constranger adversários políticos e, depois, se esconder sob o manto da proteção à atividade de jornalista.
A relativização da atividade de jornalista começou com programas como pânico e CQC, em que usavam "humoristas" para atuarem  como se fossem jornalistas, mas sem a observância dos princípios daquela atividade. O grande objetivo era constranger e fazer as pessoas se exaltarem. Agora, esses programas deram centenas de filhotes no youtube.

É urgente a regulamentação da atividade de jornalista. Mas será que há interesse ?

Vídeo de Ciro Gomes dando tapa:
https://www.youtube.com/watch?v=yZCdj7cjjws 

STF decide que não é necessário diploma para ser jornalista:
https://noticias.uol.com.br/cotidiano/2009/06/17/ult5772u4370.jhtm

Participe do grupo "prophisto" de História Geral & Brasil no facebook:
https://www.facebook.com/groups/prophisto/



Nenhum comentário:

Postar um comentário