quinta-feira, 25 de janeiro de 2018

A classe média e a naturalização da pobreza extrema.





Ontem, dia 24 de janeiro, ocorreu o julgamento do ex-presidente Lula por um colegiado do TRF4. O fato serviu para fomentar a discussão política em todas as esquinas do país. Ainda que haja muita discussão, não significa que se tenha qualidade na formação política da grande maioria da população. 

Eu vinha caminhando do mercadinho que há aqui no bairro e, mais à frente, seguiam três jovens adultos de classe média baixa que provavelmente haviam saído do trabalho. Pude ouvir um pedaço da conversa do trio que discutia a situação política pós afastamento de Lula da corrida presidencial.

Um deles disse que gostaria de votar no Dória, pelo fato de achá-lo muito inteligente. Os outros dois concordaram com a assertiva do primeiro. Um outro disse que Dória está fazendo um excelente trabalho em São Paulo. Nesse momento, o terceiro caminhante resolveu estabelecer uma crítica ao prefeito paulista. Apurei os ouvidos para tentar escutar algo que fosse importante e que salvasse aquela conversa. Então, o rapaz disse de forma enfática que o único e imperdoável problema do prefeito foi o de taxar a netflix. Ao que os outros dois caminhantes concordaram: "é, nada haver taxar a netflix".  Se referiam ao fato do prefeito haver sancionado uma lei que estabelecia imposto sobre este tipo de serviço de streaming.

Daí,, fiz a minha reflexão interna. Em relação ao prefeito que propôs distribuir alimento em forma de ração para as pessoas necessitadas, o maior problema que aqueles jovens conseguiram ver foi a imposição de imposto sobre o netflix.

Este é um sinal da naturalização que boa parcela da nossa sociedade empreende em relação à parcela miserável da população. Parece que o discurso de que o miserável que procure alguma forma meritória de sair do gueto colou totalmente. E que o estado e o dinheiro dos impostos não deve ser utilizado para as questões sociais. 

Infelizmente, vivemos numa sociedade que foi a última a realizar a abolição da escravatura e que ainda hoje não conseguiu se tornar sensível aos profundos problemas sociais do país.

Quanto à pobreza extrema, só há uma coisa a dizer:
- Nada haver taxar a netflix !

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