sexta-feira, 11 de setembro de 2015

A Oração e o Tempo no Período Medieval.





Uma ocorrência comum para copistas, paleógrafos e pesquisadores que trabalham com antigas fontes primárias escritas é se deparar com receituários químicos, de remédios, comida e outros tipos de receitas onde aparecia a orientação de rezar durante o preparo.

Por exemplo, numa receita para se fabricar tinta de escrever pode-se encontrar algo assim: pese tantas gramas do pigmento Y, junte mais tantas do pigmento X, misture-os em água salgada, leve ao fogo para a fervura, REZAR 3 AVE-MARIAS E 3 PAI-NOSSOS, retirar do fogo, esperar esfriar.

Um pesquisador iniciante poderá pensar sobre a mentalidade excessivamente religiosa do cidadão medieval. Que talvez o indivíduo acreditasse que não daria certo o procedimento alquímico se não houvesse a interferência da transcendência divina.

Contudo, a explicação está na questão da contagem de tempo. Nas épocas que não era comum que se tivesse relógios em casa. Não existia nosso relógio de parede e nem de pulso. Muitas vezes o único relógio da localidade ficava na torre da igreja. Então, utilizava-se a referência das orações como forma de contar o tempo dos procedimentos.

Ao revés da receita dizer para ferver por 15 minutos, orientava tantas rezas no sentido de cumprir o tempo necessário para o cozimento.

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