segunda-feira, 17 de agosto de 2015

A Revolução do Barbante (Pré-História)




O discurso que reconstrói o passado está ligado às condições do momento em que é proferido. Durante o período em que o sexo masculino dominou o campo da arqueologia e da história, o discurso privilegiava as narrativas que colocavam aquele sexo como protagonista dos fatos, com o imaginário de grandes caçadas e combates entre tribos.

Atualmente, através da luta pela igualdade de gêneros, mais e mais mulheres vêm dividindo os espaços acadêmicos com os homens e, desta forma, novas narrativas, sob nova perspectiva, vão surgindo. Uma das mais interessantes trata-se da "revolução do barbante".

Surge o entendimento que o trabalho de fiação e invenção do barbante teve importância sine qua non na conquista do espaço natural pelos grupamentos dos primeiros humanos. Através da analogia com os grupos indígenas atuais, pode-se concluir que este trabalho era precipuamente dirigido e efetuado pelas mulheres.

E a invenção da criação do barbante promoveu uma verdadeira revolução tecnológica naquelas comunidades. A possibilidade de se amarrar os objetos deu nova qualidade aos apetrechos utilizados. As cabanas tornaram-se mais seguras. A tecelagem dos fios constituindo tecidos e roupas trariam maior resistências às intempéries. A confecção de cestas e redes foram decisivas para a melhoria da alimentação dos grupamentos humanos.

A visão dos caçadores lutando contra grandes mamutes vai sendo contestada, como se vê no filme 10.000 A.C. Possivelmente, os caçadores pré-históricos caçavam, vez por outra, animais de grande porte. Contudo, nada indica que essa tenha sido a regra alimentar do período. Imaginar um homem lutando apenas com uma lança contra um touro já é algo complicado, imagine mesmo um grupo deles lutando contra um grande mamute. Desta forma, provavelmente os caçadores quando abatiam um mamute deveria ser algum já muito velho e doente.

A concepção da rede foi fundamental para a dieta proteica naquele recorte temporal. Estendia-se uma armadilha de redes por um local estratégico. Então, os caçadores se colocavam em posição oposta à da armadilha e vinham caminhando realizando grande algazarra e barulho, assustando animais de pequeno porte (coelhos e outros roedores) que fugiam em direção às redes. Assim, estes constituíam a base do cardápio.

Estas e outras narrativas são encontradas na obra: O Sexo Invisível: o verdadeiro papel da mulher na pré-história. Autores: J.M. Adovasio,  Olga Soffer e Jake Page.

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