quarta-feira, 29 de julho de 2015

Rigidez metodológica ou anarquia epistemológica ?


Todo aluno da graduação já ouviu da importância de se seguir atentamente a metodologia científica para que se legitime e valide uma pesquisa no âmbito acadêmico. Da mesma forma, no mestrado e doutorado o pesquisador tem a fiscalização constante do seu orientador no que tange às metodologias apontadas no projeto de pesquisa e na realização da dissertação ou tese.

Contudo, sempre nos perguntamos até em que ponto a metodologia amarra a livre criação do pesquisador e, por isto, quais os limites de sua total, ou parcial, observância.

Para Paul Karl Feyerabend, especialista em filosofia da ciência, os preceitos metodológicos não deveriam atuar de forma tão imperativa sobre a pesquisa. 

Em sua obra clássica - Contra o método (1970) - Feyerabend condena a assertiva de que as metodologias da ciência sejam formadas por princípios imutáveis e absolutamente vinculantes do processo de pesquisa.Tal proposta filosófica ficou conhecida como "epistemologia anárquica". Entende que o pesquisador necessita de uma margem de liberdade de ação para explorar novos caminhos e encontrar novos paradigmas.

O pesquisador que segue estritamente o preceito metodológico de um paradigma estabelecido irá produzir mais obras idênticas, quanto ao processo, às muitas que já existem dentro daquele modelo. Assim, pelo estrito cumprimento metodológico nunca irá criar uma nova alternativa ao método, um novo paradigma.

Brincando com esta visão de não seguir estritamente as regras acadêmicas, Feyerabend apresentava seu horóscopo no lugar do curriculum vitae.

Exemplificando a tese de Feyerabend, podemos citar a pesquisa sobre o método psicanalítico empreendida por Sigmund Freud, que utilizou de recursos condenados pelos acadêmicos de sua época como a hipnose. Sem se afastar dos estritos cânones metodológicos de sua época, não teria formulado a existência do inconsciente e sequer de uma ciência da interpretação dos sonhos (que parecia tema mais bíblico, com josé do Egito, que científico).

Da mesma forma, podemos citar Carlo Ginzburg que, contrariando os padrões de pesquisa existentes, resolveu pesquisar e escrever sobre personagens que não possuíam perfis de potenciais biografáveis. Com isto, criou uma nova perspectiva historiográfica: a micro-história.

Concluindo, vale lembrar que se o produto de uma pesquisa que ultrapassou os modelos existentes lograr êxito, a ciência resolve o problema inserindo aquele procedimento dentro da metodologia como uma nova corrente metodológica.

Um comentário:

  1. MI MODESTA OPINIÓN COMULGA EN GRAN PARTE CON EL INVESTIGADOR GINZBURG....SEGURAMENTE POR QUE LAS VECES QUE ELEMENTALMENTE HE QUERIDO DESCUBRIR ALGO ,LA MEJOR RESPUESTA LA HE ENCONTRADO EN LO MÁS SIMPLE ,SENCILLO E INMEDIATO PUES ESTOY CONVENCIDO QUE CADA PROBLEMA TRAE SU PROPIA SOLUCIÓN INTRÍNSECAMENTE INCLUIDA

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