sábado, 11 de abril de 2015

A revolução ou as revoluções russas.






Resenha do artigo: "As revoluções russas", do autor Daniel Aarão F. Reis.

No texto em tela, o autor faz uma análise do contexto da revolução russa de 1917. Partindo da Rússia Czarista até os efeitos da guerra civil entre vermelhos e brancos. Defende a ocorrência de uma sequência de três revoluções, dentro desse processo, até a consolidação da União das Repúblicas socialistas Soviéticas.

De início, nos mostra uma fotografia da Rússia Czarista, que era ainda essencialmente agrícola, se valendo do regime de servidão, extremamente atrasada em relação à industrialização que ia se processando em marcha cada vez mais dinâmica na Europa Ocidental.

Quando da participação da Rússia em alguns conflitos bélicos, como a guerra da Criméia e contra o Japão, as contradições e o atraso do "gigante com pés de barro" (Rússia) ficou patente, sendo urgente a necessidade de uma série de reformas para a  implementação de uma política desenvolvimentista.

Neste contexto nasce a chamada intelligentsia revolucionária, que desejava promover um modelo que evitasse as desigualdades sociais, que era comum nos países europeus industrializados. Dividiam-se em dois grupos: aqueles que entendiam a necessidade de um trabalho constante de conscientização das massas e, outro, que pregava a necessidade de uma vanguarda política e intelectual para desestabilizar o governo e promover a revolução.

Note-se que foi neste período que se constituiu a social-democracia russa, com inspiração marxista. Entre os sociais democratas surgiram duas novas correntes: os bolcheviques ( mais radicais) e os mencheviques (mais moderados).

O professor Daniel Aarão entende que a primeira revolução que acontece no correr deste processo foi em 1905, por conta de uma mal sucedida operação militar, no Extremo Oriente, quando o Czar entrou em choque com interesses japoneses naquela área de influência. Os japoneses derrotaram com facilidade a esquadra russa em Port Arthur. A insatisfação popular cresceu e gerou inúmeras revoltas naquele ano. Uma delas foi debelada, pelos Czares, com extrema violência tendo entrado para a história como "domingo sangrento". O Czar acabou recuando e convocou eleições para o Parlamento (Duma). Daí em diante os movimentos camponeses se fortaleceram e constituíram uma importante ferramenta revolucionária.

Intensificou-se o debate sobre qual modelo a Rússia deveria seguir. Se uma monarquia constitucional ou se uma república. Leon Trotski defendia a instalação de uma revolução permanente e Lênin uma revolução initerrupta.

Com a eclosão da primeira guerra mundial se precipitaram os fatos que levaram à derrubada do Antigo Regime na Rússia. O desabastecimento e o caos gerado pela entrada na guerra contra os alemães provocou críticas em todos os segmentos da população. Termina com a queda dos Romanov do poder. O autor considera este momento como a segunda revolução dentro de todo o processo.

Neste momento, o governo passou a ser regido pela Duma e pelos soviets. Contudo, com a decisão do parlamento pela manutenção da rússia na guerra acarretou a formação de novas crises e movimentos. Enquanto isso, crescia o poder dos bolcheviques.

Em outubro de 1917 o partido bolchevique assume o poder derrubando o Governo Provisório. Para o professor Daniel Aarão esta corresponde à terceira e última revolução compreendida durante todo este processo histórico. Há autores, como o historiador Angelo Segrillo, especialista em Rússia e professor de história contemporânea da UFF, que entende este momento como dividido em duas fases: um golpe seguido de uma revolução. 

O estratagema da tomada do poder pelos bolcheviques teria constituído um golpe contra o governo provisório, tendo caráter antidemocrático. Contudo, a população camponesa, nesta queda de braço entre mencheviques e bolcheviques, acabou tendendo para o segundo grupo. Se por um lado os bolcheviques tomavam  parte da produção dos camponeses para solucionar a questão da fome no país, por outro lado eles davam maior garantia da posse sobre a terra para o campesinato. Havia a desconfiança, entre os campesinos, que os moderados mencheviques pudessem entrar em acordo com os antigos proprietários lhes restituindo as terras. Desta forma, após o golpe a população rural acabou aderindo aos bolcheviques emprestando o caráter revolucionário ao fato.

Por fim, levando em conta a tese de várias revoluções menores dentro da revolução, há quem pregue que a guerra civil, entre vermelhos e brancos, deveria ser considerada uma quarta revolução daquela sequência proposta pelo autor do artigo. Se os movimentos de 1905 foram considerados uma das revoluções, ainda que não tenham tido o condão, naquele momento, de realizar as mudanças estruturais na sociedade russa, entendemos que por equiparação a guerra civil também poderia ser considerada uma das revoluções dentro do quadro geral.

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