Há alguns youtubers ultraconservadores que usam seus vídeos para promover uma revolta contra o estado-de-bem-estar-social. Vivem hostilizando as políticas públicas que visam criar uma rede de proteção aos mais pobres. Pregam aquela velha cantilena de que o Estado não deve interferir em nada, sendo apenas um síndico que quase não é visto pelo condomínio, e a redução ou quase extinção dos impostos. Quando se fala em programas que visam distribuir renda e gerar maior justiça social, são energicamente contrários. Fazem a população pouco esclarecida acreditar que o dinheiro de programas fundamentais como o bolsa família, de casas populares e outros não sairia do bolso dos "cidadãos de bens", pelos impostos, se não houvesse tais projetos. Por outro lado, não veem mal algum em pagarmos pelos luxos de uma família real, seu séquito de nobres e pela restauração de mais um poder (o moderador).
Clamam pela monarquia como se ela fosse a solução para um Brasil em crise moral e política. Como se os monarcas fossem figuras impolutas e sacralizadas, sem qualquer desvio ético e moral. Ainda com o prejuízo de que não podem ser retirados de quatro em quatro anos pelas eleições.
Ao contrário, a pesquisa histórica vem demonstrando que a formação corrupta da política brasileira é uma herança que vem desde a colônia e o império com as trocas de favores e influência entre uma nobreza cujos títulos (Barão e visconde), na maior parte das vezes, eram conseguidos através destas tratativas.Consta que D. João VI, ao chegar na colônia, distribuiu mais títulos de nobreza do que em 700 anos da monarquia portuguesa. O historiador Pedro Calmon afirma em sua obra que lá em Portugal eram necessários 500 anos para uma família requerer a condição de nobre, mas que no Brasil bastavam 500 contos. Um ditado popular era corriqueiro naquela época:
"Quem furta pouco é ladrão, quem furta muito é barão e quem furta mais e esconde passa de barão a visconde"
Vários historiadores apontam que eram escandalosas as práticas do clientelismo e a mistura dos negócios públicos com os privados. Que não deviam em nada aos escândalos atuais de grande empresas junto à administração pública. O imperador D. Pedro I era chamado, ironicamente, pelo jornalista Borges da Fonseca de "caríssimo". Não empregava a palavra como uma reverência mas por entender que o monarca saía muito caro aos cofres públicos, como assevera o historiador Marcos Morel na obra "Corrupção, mostra a sua cara".
Estes são alguns fatos narrados pela pesquisa histórica, entre outros, como o tráfico de influência feito por Domitila de Castro e o chamado "bolsinho do imperador".
Há uma matéria que saiu no site do jornal "o globo", sobre a corrupção no império, que deixaremos em link ao final deste texto.
A "família real brasileira", a propósito, ainda hoje causa desfalque econômico na carteira dos brasileiros residentes na cidade de Petrópolis, através da cobrança da "taxa do príncipe", que incide sobre a compra e venda de todos os imóveis no centro histórico do município. O povo chama de "taxa do príncipe" a cobrança do laudêmio que é um instituto jurídico jurássico que nem deveria existir mais. Seu fundamento é que a cidade foi construída nas terras da fazenda do Córrego Seco, que pertencia aos Braganças. Vários projetos tentaram acabar com a cobrança do laudêmio na cidade mas foram barrados pelos interesses contrários. Na verdade, a terra foi indenizada algumas milhares de vezes através da instituição do laudêmio. E continuará sendo eternamente, pelo andar da carruagem!
Acontece que a família real não é pobre. Ainda que existisse previsão legal, deveria ter renunciado à cobrança em prol do desenvolvimentos da cidade e da população. E se não renunciou à época do império e das primeiras décadas da república, seria uma mostra de bom senso renunciar agora. Acontece que Petrópolis, no período imperial, era uma rica cidade com "ilustres" moradores possuidores de títulos de nobreza e que podiam pagar para morar perto do rei ! Ainda nas primeiras década da república, era uma cidade de veraneio que recebia a nata de uma emergente sociedade carioca. Hoje, a realidade da cidade mudou radicalmente. Não há mais barões ou muitos novos ricos circulando pela rua do imperador. A cidade foi se proletarizando com o passar do tempo, tendo suas encostas irregularmente ocupadas e se favelizando. Comércios tradicionais daqueles tempos áureos foram fechando as portas, como a Cada Itararé, o restaurante Falconi, O Fukas, o Patinhas, entre outros. Hoje, os arredores do centro da cidade é composto, na sua imensa maioria, por uma população muito pobre, que sofre muito sempre que tem de pagar a taxa do príncipe.
Concluindo, pedir a restauração da monarquia no Brasil vai de encontro, inclusive, com a tendência mundial dos países que ainda albergam esse regime. A importante historiadora britânica Anna Whitelock afirma que a monarquia britânica deverá deixar de existir dentro de duas décadas. Pois cada vez há um movimento maior de descontentes com os altos gastos para manter a rainha. Em 2014 apuraram um gasto de 125 milhões de reais. Desta forma, para a claudicante economia brasileira seria mais um gasto sem maior proveito para a população.
Matéria do Jornal O Globo sobre as origens coloniais e monárquicas da corrupção brasileira:
https://oglobo.globo.com/sociedade/historia/historiadores-resgatam-episodios-de-corrupcao-no-brasil-colonia-na-epoca-do-imperio-17410324
Matéria da Revista Galileu com a historiadora Anna Whitelock sobre a monarquia inglesa:
http://revistagalileu.globo.com/Sociedade/noticia/2016/04/monarquia-britanica-deve-deixar-de-existir-em-menos-de-15-anos-diz-historiadora.html
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Ao contrário, a pesquisa histórica vem demonstrando que a formação corrupta da política brasileira é uma herança que vem desde a colônia e o império com as trocas de favores e influência entre uma nobreza cujos títulos (Barão e visconde), na maior parte das vezes, eram conseguidos através destas tratativas.Consta que D. João VI, ao chegar na colônia, distribuiu mais títulos de nobreza do que em 700 anos da monarquia portuguesa. O historiador Pedro Calmon afirma em sua obra que lá em Portugal eram necessários 500 anos para uma família requerer a condição de nobre, mas que no Brasil bastavam 500 contos. Um ditado popular era corriqueiro naquela época:
"Quem furta pouco é ladrão, quem furta muito é barão e quem furta mais e esconde passa de barão a visconde"
Vários historiadores apontam que eram escandalosas as práticas do clientelismo e a mistura dos negócios públicos com os privados. Que não deviam em nada aos escândalos atuais de grande empresas junto à administração pública. O imperador D. Pedro I era chamado, ironicamente, pelo jornalista Borges da Fonseca de "caríssimo". Não empregava a palavra como uma reverência mas por entender que o monarca saía muito caro aos cofres públicos, como assevera o historiador Marcos Morel na obra "Corrupção, mostra a sua cara".
Estes são alguns fatos narrados pela pesquisa histórica, entre outros, como o tráfico de influência feito por Domitila de Castro e o chamado "bolsinho do imperador".
Há uma matéria que saiu no site do jornal "o globo", sobre a corrupção no império, que deixaremos em link ao final deste texto.
A "família real brasileira", a propósito, ainda hoje causa desfalque econômico na carteira dos brasileiros residentes na cidade de Petrópolis, através da cobrança da "taxa do príncipe", que incide sobre a compra e venda de todos os imóveis no centro histórico do município. O povo chama de "taxa do príncipe" a cobrança do laudêmio que é um instituto jurídico jurássico que nem deveria existir mais. Seu fundamento é que a cidade foi construída nas terras da fazenda do Córrego Seco, que pertencia aos Braganças. Vários projetos tentaram acabar com a cobrança do laudêmio na cidade mas foram barrados pelos interesses contrários. Na verdade, a terra foi indenizada algumas milhares de vezes através da instituição do laudêmio. E continuará sendo eternamente, pelo andar da carruagem!
Acontece que a família real não é pobre. Ainda que existisse previsão legal, deveria ter renunciado à cobrança em prol do desenvolvimentos da cidade e da população. E se não renunciou à época do império e das primeiras décadas da república, seria uma mostra de bom senso renunciar agora. Acontece que Petrópolis, no período imperial, era uma rica cidade com "ilustres" moradores possuidores de títulos de nobreza e que podiam pagar para morar perto do rei ! Ainda nas primeiras década da república, era uma cidade de veraneio que recebia a nata de uma emergente sociedade carioca. Hoje, a realidade da cidade mudou radicalmente. Não há mais barões ou muitos novos ricos circulando pela rua do imperador. A cidade foi se proletarizando com o passar do tempo, tendo suas encostas irregularmente ocupadas e se favelizando. Comércios tradicionais daqueles tempos áureos foram fechando as portas, como a Cada Itararé, o restaurante Falconi, O Fukas, o Patinhas, entre outros. Hoje, os arredores do centro da cidade é composto, na sua imensa maioria, por uma população muito pobre, que sofre muito sempre que tem de pagar a taxa do príncipe.
Concluindo, pedir a restauração da monarquia no Brasil vai de encontro, inclusive, com a tendência mundial dos países que ainda albergam esse regime. A importante historiadora britânica Anna Whitelock afirma que a monarquia britânica deverá deixar de existir dentro de duas décadas. Pois cada vez há um movimento maior de descontentes com os altos gastos para manter a rainha. Em 2014 apuraram um gasto de 125 milhões de reais. Desta forma, para a claudicante economia brasileira seria mais um gasto sem maior proveito para a população.
Matéria do Jornal O Globo sobre as origens coloniais e monárquicas da corrupção brasileira:
https://oglobo.globo.com/sociedade/historia/historiadores-resgatam-episodios-de-corrupcao-no-brasil-colonia-na-epoca-do-imperio-17410324
Matéria da Revista Galileu com a historiadora Anna Whitelock sobre a monarquia inglesa:
http://revistagalileu.globo.com/Sociedade/noticia/2016/04/monarquia-britanica-deve-deixar-de-existir-em-menos-de-15-anos-diz-historiadora.html
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