sexta-feira, 11 de setembro de 2015

A Oração e o Tempo no Período Medieval.





Uma ocorrência comum para copistas, paleógrafos e pesquisadores que trabalham com antigas fontes primárias escritas é se deparar com receituários químicos, de remédios, comida e outros tipos de receitas onde aparecia a orientação de rezar durante o preparo.

Por exemplo, numa receita para se fabricar tinta de escrever pode-se encontrar algo assim: pese tantas gramas do pigmento Y, junte mais tantas do pigmento X, misture-os em água salgada, leve ao fogo para a fervura, REZAR 3 AVE-MARIAS E 3 PAI-NOSSOS, retirar do fogo, esperar esfriar.

Um pesquisador iniciante poderá pensar sobre a mentalidade excessivamente religiosa do cidadão medieval. Que talvez o indivíduo acreditasse que não daria certo o procedimento alquímico se não houvesse a interferência da transcendência divina.

Contudo, a explicação está na questão da contagem de tempo. Nas épocas que não era comum que se tivesse relógios em casa. Não existia nosso relógio de parede e nem de pulso. Muitas vezes o único relógio da localidade ficava na torre da igreja. Então, utilizava-se a referência das orações como forma de contar o tempo dos procedimentos.

Ao revés da receita dizer para ferver por 15 minutos, orientava tantas rezas no sentido de cumprir o tempo necessário para o cozimento.

terça-feira, 8 de setembro de 2015

O que é Paleografia ?


A paleografia consiste numa técnica que permite ao especialista realizar a transcrição de textos antigos. Sejam textos dos mais variados recortes: antiguidade, idade média, moderna e nas diversas línguas. Podendo, por exemplo, se especializar nos documentos luso-brasileiros escritos em diversos séculos desde a colonização.

De certa forma, a paleografia é uma atividade derivada do trabalho dos monges copistas da idade média. Estes faziam o trabalho de transcrição das obras encontradas nas bibliotecas dos mosteiros, pois a dificuldade do armazenamento, naquela época, levava a que se perdesse rapidamente os volumes escritos.

Não é por mero acaso que ainda hoje a principal escola de paleografia se encontra no Vaticano. 

O paleógrafo terá que se aprimorar no desenho peculiar das letras em cada época. Como, também, a ortografia, abreviaturas e palavras correntes de cada temporalidade.

Além do texto em si, deverá cuidar, ainda, da investigação das diversas superfícies em que a escrita se realizou, como papiros, pergaminhos, tábuas enceradas e os diversos tipos de papeis. Como, também, os objetos que eram usados para realizar a escrita, desde instrumentos pontiagudos para gravar a pedra ou a cera até a caneta esferográfica moderna. Outro ponto a ser estudado são os diversos tipos de tintas e pigmentos utilizados desde a antiguidade até a tintura atual.

Veja se você tem olhar de paleógrafo e consegue transcrever o texto da abertura deste post.