quinta-feira, 24 de outubro de 2019

Escola para formar patrão e escola para formar empregado.



Começaram denúncias de abusos no modelo de escolas públicas militarizadas implementadas pelo atual governo federal. O caso gira em torno de possíveis abusos em revistas feitas nas alunas que acessam as dependências escolares. Fato, que se for verídico, é de grande reprovação. Porém, o problema deste modelo é estrutural.

Acontece que, junto com os militares dentro da escola, estão defendendo uma pedagogia ultrapassada de viés tradicional e tecnicista. Alunos enfileirados, repetições, abordagem não individualizada, foco em decoreba de conteúdos ao revés do desenvolvimento crítico e da criatividade. 

Por outro lado, demonizam o método construtivista fazendo a população acreditar que método de ensino e aprendizagem tenha relação direta com a futura opção política que o aluno irá seguir.

No programa radiofônico "a voz do Brasil" o governo anuncia que a disciplina e o respeito ao professor são as bases pedagógicas do novo pensamento do MEC. Ocorre que os casos de violência contra professores não têm relação com método de ensino mas com problemas e descasos que se acumulam no ensino público. Principalmente, falta de investimentos em modernização da escola, na contratação de pessoal de apoio, na estrutura básica de funcionamento (como banheiros, etc), no incentivo ao professor, entre muitos mais. Além dos graves problemas sociais e econômicos que fazem parte da realidade dos alunos e suas famílias.

Desta forma, o resultado é que usam desse estratagema para se fazer um apartheid educacional no país. O aluno proveniente de famílias ricas e da classe média alta irá estudar numa escola particular cujo programa educacional pretende incentivar a autonomia e criatividade dos alunos. Desenvolver a capacidade crítica e de inovação. Por outro lado, o aluno da escola pública será trabalhado de forma bitolada, com muitas continências e gritos de "sim, senhor". Essa oposição na formação tende a fazer uma diferença gigantesca entre os dois grupos de alunos no futuro.

Um deles terá as ferramentas e o estrutura mental para realizar o verdadeiro "empreendedorismo". Serão aqueles com a capacidade de "pensar fora da caixa", expressão muito usada pelos ceo's de empresas. O outro grupo, por outro lado, será forjado à medida para serem cumpridores de ordens.

Um modelo irá formar a nova classe dirigente e empresarial. O outro, a massa de empregados.

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