terça-feira, 6 de maio de 2014

KARL MARX: materialismo, ideologia, determinismo...




Karl Marx, filho de pais judeus, nascido na Alemanha, estudou direito na Universidade de Bonn e fez doutorado (1841) em filosofia na Universidade de Berlim. Entrou em contato com os discípulos de Hegel e travou conhecimento com os socialistas utópicos franceses.

Em 1844, mudou-se para Paris, onde conheceu Friedrich Engels, amigo e colaborador nos estudos e pesquisas. Ambos fundaram o Partido Comunista, cujo programa - O Manifesto do Partido Comunista - publicaram em 1848.

Sua vasta obra abrange diversas disciplinas: história, ciências políticas, sociologia, economia, filosofia e jornalismo.

Suas ideias constituíram forças teóricas e políticas fundamentais do século XX.

O MARXISMO DE MARX E ENGELS

O ponto de vista materialista: segundo Marx e Engels, deve-se priorizar a análise das condições materiais de existência de uma dada sociedade, as relações econômicas que nela se estabelecem, a dominação sócio-política que nela se exerce os mecanismos que essa dominação utiliza.

Organização política e crítica da economia.

Centros de correspondência comunista (1846): criados por Marx e Engels para por em contato os diversos grupos europeus que trabalhavam pela emancipação do proletariado.

Manifesto do Partido Comunista (1848): luta de classes, missão do proletariado e noções constitutivas do materialismo histórico.

Dicotomia entre base (infraestrutura) e superestrutura: a primeira corresponde à dinâmica das forças produtivas que constitui um modo de produção, enquanto a segundo é o edifício jurídico e político.

O Capital como fundamento da sociedade burguesa.

O Capital (1867): análise do modo de produção capitalista com sua complexidade (o trabalhador como mercadoria, a mais-valia, a acumulação primitiva, etc.)

Desdobramento político do Capital: a luta de classe operária deve ter o objetivo de suprimir a extorsão.

Associação Internacional dos Trabalhadores: fundada em 1864, foi transferida para Nova York, em 1872, por conta das disputas entre marxistas e anarquistas.


A FILOSOFIA CRÍTICA DE MARX

Marx deve ser entendido como um filósofo crítico.

No início da modernidade, a crítica consistia na necessidade de examinar o próprio processo de conhecimento para evitar os erros e ilusões  das antigas filosofias e teorias pseudocientíficas, combatendo o falso saber.

Hegel ensina por meio da historicidade da consciência individual, que isso é impossível, pois o indivíduo não pode ser desvinculado da tradição, da cultura e da sociedade a que pertence.

Marx busca um método filosófico para combater as ilusões da consciência e assim libertar o homem.

Marx criticou o idealismo de Hegel. A interpretação hegeliana do processo histórico e da formação da consciência restringe-se ao plano das ideias e representações, do saber e e da cultura, não levando em conta as bases materiais da sociedade em que este saber e esta cultura são produzidos e em que a consciência individual é formada.

Enquanto para Hegel o motor que move a história é a contradição dialética (tese, antítese e síntese) no campo das ideias, para Marx o motor da história é a luta de classes. Para entender a história não se deve partir do que os homens pensam, mas da maneira pela qual produzem os bens materiais necessários à sua vida.

A questão central da análise de Marx passa a ser o "trabalho".

O materialismo histórico, fundado por Marx, pretende ser uma teoria científica da história. Marx analisa os diferentes estágios, caracterizados através da noção de "relações de produção", que levaram a humanidade desde a sociedade primitiva, a escravocrata, a feudal, até a sociedade burguesa.

Abaixo, um quadro com as principais categorias conceituais da obra marxista:




CRÍTICA DA IDEOLOGIA

Ao contrário da obra dos pensadores conhecidos como ideólogos ( que desejavam criar um ciência das ideias ), nos estudos de Marx o termo ideologia ganha um valor pejorativo.

Para Marx e Engels a ideologia é entendida como uma falsa consciência, uma visão distorcida, o mascaramento da realidade, de uma realidade opressora, que faz com que seu caráter negativo seja ocultado.

Assim, a ideologia seria uma forma de dominação que legitima as condições existentes numa determinada sociedade num dado período histórico. Consiste numa alienação da consciência humana de sua real condição de existência dentro das relações de produção.

DETERMINISMO

O professor François Châtelet e outros autores elencam algumas críticas ao conjunto da obra elaborada por Marx e Engels. A principal delas é o caráter determinista que apresenta várias das suas conclusões.

A questão principal se apresenta no papel que deve desempenhar o determinismo, seja no que se refere às relações do modo de produção com outras instâncias da sociedade, seja no que se refere à transformação de um modo de produção em outro. Até que ponto a passagem de um modo de produção a outro, no decorrer da história, pode ser entendida como "determinada".

Ocorre que a ideia de determinismo instiga preocupação no que tange à reflexão sobre a liberdade humana.

Engels propôs uma alternativa ao escrever que não se trata de um determinismo absoluto, mas relativizado.

Vários autores marxistas posteriores irão rever a obra de Marx realizando uma proposta de flexibilizar este viés determinista. Entre eles podemos citar: Lukács, Gramsci, Pierre Vilar, Edward Thompson, Eric Hobsbawn, entre outros.

CONSCIÊNCIA DE CLASSE X ORIGEM DE CLASSE

O pensador húngaro Georg Lukács realiza uma importante obra interpretativa e de revisão do marxismo.

Seu estudo introduz uma distinção fundamental entre "origem de classe" e "consciência de classe". 

Através da distinção destas duas categorias conceituais mostra que a consciência de classe de um indivíduo nem sempre reflete necessariamente a sua origem.

Desta forma, um intelectual de origem burguesa poderá se identificar com a luta do proletariado pela emancipação

MARXISMO-LENINISMO

Postulado desenvolvido por Lenin, foi a doutrina oficial do Partido Comunista que passou a governar a União Soviética.

Nesta interpretação, é enfatizado o papel do indivíduo, do intelectual revolucionário e do partido como vanguarda do proletariado, rompendo com o determinismo histórico apontado por Marx.

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Referências:

MARCONDES, Danilo. Iniciação à História da Filosofia Dos Pré-Socráticos a Wittgenstein. Rio de Janeiro: Zahar, 2007.

CHÂTELET, Francois. História da Ideias Políticas. Rio de Janeiro: Folha Carioca Editora, 2000.

BARROS, José D'Assunção. Teoria da História Vol III. Petrópolis: Editora Vozes, 2011.

ARANHA, Maria Lúcia de Arruda. História da Educação e da Pedagogia Geral e Brasil. São Paulo: Moderna, 2006.

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