O termo socialismo apareceu nos anos 1830. A junção entre socialismo e utopia serviu para desenhar, no século XIX, um conjunto díspar de concepções políticas. Para uma doutrina ingressar nesta categoria era necessário estar preocupada com a questão social, mas sem fazer parte dos quadros do liberalismo ou do marxismo.
Na raiz da posição utópica há uma atitude de revolta diante do estado de coisas estabelecido.
Alguns textos de Marx e Engels atacavam vivamente os socialistas utópicos. A oposição entre ciência e a utopia estava carregada de uma pretensão cientificista própria do século XIX. Somente o método marxista, o materialismo dialético e histórico, podia se pretender verdadeiramente científico. Qualquer outro método, ou ausência de método - como em Fourier, Leroux, Cabet, Owen e Louis Blanc - seria utópico, ou seja: ingênuo, pueril, irrealista, idealista, moralista, metafísico, até mesmo religioso.
Essa pretensão marxista de constituir a sua visão como a que seria madura, de uma continuidade histórica entre um socialismo utópico precursor ultrapassado e um marxismo científico, revela uma filosofia da história própria a todos os determinismos positivistas.
Para Marx, toda utopia é a-histórica: por ignorar a luta de classes. Os utopistas são capazes da crítica, percebem o antagonismo das classes, mas substituem a atividade social por sua própria engenhosidade. Seriam incapazes de conceber as leis da revolução.
A força da utopia não pode ser medida por sua capacidade de realização, mas por uma capacidade crítica que recusa as discussões no quadro imposto e se volta contra os princípios, contra as aporias dos sistemas que emergem dos próprios sistemas. Esse argumento foi usado para defender a utopia, mas que terminava a enfraquecendo.
Os utópicos do século XIX, ao contrário de uma opinião banal, não renegam em nada a ideia de ciência e pretendem valer-se dela contra os falsos sábios e as falsas ciências fabricadas pelo espírito positivista.
As doutrinas socialistas do século XIX têm em comum o fato de criticarem o liberalismo enquanto é incapaz de resolver a questão social.
Para François Châtelet, as correntes socialistas utópicas apresentam tantas divergências, que agrupa-las na mesma categoria "utópica" resulta numa impostura.
Alguns dos principais socialistas utópicos:
- Robert Owen, industrial inglês, pregava a criação de comunidades agrárias que absorveriam a indústria, aboliriam a propriedade privada e levaria,, por contágio, as advento da felicidade e da virtude sobre a terra.
- Etienne Cabet, recorreu ao cristianismo para justificar a criação de mundo novo, comunista. O Evangelho prescreve a partilha dos bens e a supressão da moeda.
- Buchez, pregava um cristianismo socialista. A teoria do bem comum comandava todo o seu sistema.
- Pierre Leroux era outro que defendia um cristianismo socialista. Propagava o socialismo como bandeira de uma religião para a humanidade e não como a luta de classes.
- Charles Fourier apresentava princípios de uma crítica radical não somente da ordem social existente em seu tempo, mas da própria civilização, bem como um conjunto de proposições para construir um mundo harmonioso.
Obs: o termo utopia foi criado por Thomas More em 1516.
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Alguns textos de Marx e Engels atacavam vivamente os socialistas utópicos. A oposição entre ciência e a utopia estava carregada de uma pretensão cientificista própria do século XIX. Somente o método marxista, o materialismo dialético e histórico, podia se pretender verdadeiramente científico. Qualquer outro método, ou ausência de método - como em Fourier, Leroux, Cabet, Owen e Louis Blanc - seria utópico, ou seja: ingênuo, pueril, irrealista, idealista, moralista, metafísico, até mesmo religioso.
Essa pretensão marxista de constituir a sua visão como a que seria madura, de uma continuidade histórica entre um socialismo utópico precursor ultrapassado e um marxismo científico, revela uma filosofia da história própria a todos os determinismos positivistas.
Para Marx, toda utopia é a-histórica: por ignorar a luta de classes. Os utopistas são capazes da crítica, percebem o antagonismo das classes, mas substituem a atividade social por sua própria engenhosidade. Seriam incapazes de conceber as leis da revolução.
A força da utopia não pode ser medida por sua capacidade de realização, mas por uma capacidade crítica que recusa as discussões no quadro imposto e se volta contra os princípios, contra as aporias dos sistemas que emergem dos próprios sistemas. Esse argumento foi usado para defender a utopia, mas que terminava a enfraquecendo.
Os utópicos do século XIX, ao contrário de uma opinião banal, não renegam em nada a ideia de ciência e pretendem valer-se dela contra os falsos sábios e as falsas ciências fabricadas pelo espírito positivista.
As doutrinas socialistas do século XIX têm em comum o fato de criticarem o liberalismo enquanto é incapaz de resolver a questão social.
Para François Châtelet, as correntes socialistas utópicas apresentam tantas divergências, que agrupa-las na mesma categoria "utópica" resulta numa impostura.
Alguns dos principais socialistas utópicos:
- Robert Owen, industrial inglês, pregava a criação de comunidades agrárias que absorveriam a indústria, aboliriam a propriedade privada e levaria,, por contágio, as advento da felicidade e da virtude sobre a terra.
- Etienne Cabet, recorreu ao cristianismo para justificar a criação de mundo novo, comunista. O Evangelho prescreve a partilha dos bens e a supressão da moeda.
- Buchez, pregava um cristianismo socialista. A teoria do bem comum comandava todo o seu sistema.
- Pierre Leroux era outro que defendia um cristianismo socialista. Propagava o socialismo como bandeira de uma religião para a humanidade e não como a luta de classes.
- Charles Fourier apresentava princípios de uma crítica radical não somente da ordem social existente em seu tempo, mas da própria civilização, bem como um conjunto de proposições para construir um mundo harmonioso.
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