sábado, 29 de abril de 2017

A blitzkrieg contra o futuro e a autodeterminação do povo.


O termo "blitzkrieg" foi cunhado pelo comando do exército alemão durante a segunda grande guerra mundial. Visava um ataque rápido e brutal para desmobilizar o inimigo e deter sua capacidade de organização. O principal nome desta tática militar foi o general Erich Von Manstein.

Saindo dos idos da década de 40 do século passado para o Brasil atual, vemos algo ocorrendo que nos lembra e faz uma analogia com aquela tática alemã. Trata-se da velocidade como vários direitos que constituem a rede protetiva dos trabalhadores brasileiros estão sendo pulverizados por um congresso envolvido num "impeachment" que boa parte das academias de história e de ciências jurídicas apontam que ficará conhecido como mais um golpe ocorrido nesse grande celeiro do mundo.

E não só ocorre o que chamamos de guerra relâmpago, pela velocidade como a agenda é proposta e sem discussão com os diversos setores da sociedade, como, também, parece haver uma "guerra total" pela abrangência das manobras nas mais diversas áreas sensíveis da sociedade: no ensino médio a retirada de disciplinas que conferem formação crítica, a crise na universidade pública, a relativização da CLT, a terceirização e as mudanças radicais nas regras previdenciárias.

A educação fica meio esquecida nessa convulsão mas é uma das peças mais importantes neste tabuleiro. Se por algum tempo as classes mais baixas do proletariado começaram a pleitear uma futura formação universitária, parece que a inteligência das reformas atuais vão no sentido de desfazer este sonho, apontando para o "exército de mão-de-obra" apenas o ensino técnico. Afinal, como já se dizia desde o início do século passado: "o Brasil precisa de mãos para  a lavoura" e para ser consumido como carvão de fábrica também.

As novas regras previdenciárias garantirão que o povo fique por toda sua vida preocupado com o horário de ingresso na fábrica. Inclusive, mais uma vez a universidade perderá com isto. Pois os programas de incentivo ao ingresso de pessoas da terceira idade nos bancos universitários se tornarão inviáveis. Muita gente, ao se aposentar, tentava uma faculdade e ainda possuía tempo para uma pequena carreira naquele campo que, muitas vezes, foi um sonho de jovem que não pode ser realizado àquela época. Terceira idade na universidade é algo que será desintegrado.

No campo trabalhista, a relativização da CLT se dá pelo fato de se dispor que acordos entre patrões e empregados terão prevalência sobre a legislação do trabalho. E, de forma magistral, acabam com a obrigatoriedade do imposto sindical que enfraquecerá os sindicatos como parte deste acordo.

Todas estas reformas apontam para transformar o país em um grande chão de fábrica. Mas não como na Europa ou outros países desenvolvidos. Seremos, tão somente, uma ilha de exploração de mão-de-obra barata, como acontece com Vietnã e outros. Aqui não se estabelecerão os centros de pesquisa, pois para isso é preciso uma revolução na educação. O Brasil será apenas fornecedor de trabalho barato.

O pequeno e médio comerciante também serão afetados pelos baixíssimos salários. Se o português do açougue da esquina está comemorando agora, em breve sentirá os efeitos de um povo sem capacidade financeira e a entrada no país de grandes redes internacionais que usam da mão de obra barata para vender produtos de necessidade básica a preços muito baixos.  Esse pequeno comércio está em risco, como já aconteceu em cidades americanas onde se estabeleceram grandes redes como o Walmart.

Estas medidas apontam para o achatamento da classe média. Justamente uma parcela da população que ainda não compreendeu o que está acontecendo.  Pois na transformação do país em uma grande fábrica de exploração de mão-de-obra, sem pesquisa, e com a burocracia estatal cada vez mais encolhida segundo os preceitos do estado mínimo, haverá cada vez menos postos para receber uma pretensa classe média. Ou seja, uma boa parte da classe média se proletarizará nos próximos anos. 

Não é a toa que já votam leis liberando a compra de propriedades dentro do país por estrangeiros, pois com uma multidão de pobres e uma bem pequena classe média quem iria comprar bens de alto valor, como propriedades, num país de dimensões vastas. 

A cereja no bolo é a revogação da demarcação das terras indígenas e quilombolas configurando a blitzkrieg e a guerra total !

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