Com a passagem do tempo e a evolução das metodologias, a história foi se fragmentando e apresentando múltiplas especializações no proceder da sua pesquisa e escrita.
Pelos idos positivistas se apresentava uma tentativa de realização de história total. Ao contrário, modernamente temos diversos tipos de apresentações da análise dos fatos históricos. É comum escutarmos falar expressões como história das mentalidades, história cultural, história social, história quantitativa, história oral, história do imaginário, história econômica, dentre muitos outros conceitos de modalidades em pesquisa histórica.
Mas afinal, ao se adquirir uma obra historiográfica para ler, como o leitor irá definir se está diante de uma ou outra das especializações tão decantadas nas aulas acadêmicas.
Quem oferece uma boa e fácil solução para o discernimento de todas estas divisões internas é o professor José D'Assunção Barros, que leciona teoria da História, na Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, em sua obra "O Campo da História".
O citado mestre apresenta três categorias distintas onde distribui essas diversas especializações. São elas: 1) Dimensões ( enfoques ); 2) Abordagens ( métodos ) e 3) Domínios ( temas ).
A dimensão constitui um tipo de enfoque, modo de ver ou, ainda, aquilo que se quer ver em primeiro plano na análise do recorte histórico. A abordagem refere-se ao modo de fazer a história a partir das fontes, métodos e campos de observação. Por último, o domínio corresponde à orientação do trabalho em relação aos sujeitos ou objetos em estudo.
Desta forma, as diversas especializações serão distribuídas dentre estas 3 categorias.
Dimensões: história social, história da cultura material, geo-história, história demográfica, história econômica, história política, história cultural, história antropológica, etno-história, história das mentalidades, psico-história, história do imaginário.
Abordagens: com relação ao tipo ou tratamento das fontes ( história serial, história oral, arqueologia, história do discurso ) ou com relação ao campo de observação (história quantitativa, história imediata, história local, história regional, micro-história, Biografia ).
Domínios: com relação aos agentes históricos ( história das mulheres, história dos marginais, história das massas, história rural, história urbana ) ou com relação aos ambientes sociais ou objetos ( história da religião, história da vida privada, história da sexualidade, história da arte, história das ideias, história do direito, história das representações ).
Assim, quando o estudante for qualificar uma obra que esteja lendo, deverá quebrá-la nas três categorias para entender, segundo cada uma delas, qual foi a orientação usada pelo autor.
Então, uma mesma obra será qualificada segundo cada um dos três critérios. Logo, a mesma obra poderá ser, por exemplo, uma história cultural ( dimensão ), história regional ( abordagem ) e história das mulheres ( domínio ). Ou qualquer outra combinação entre as especializações deste tripé.
Contudo, deve-se observar que uma mesma obra também pode apresentar mais de uma qualificação dentro da mesma categoria. Por exemplo, pode ser uma micro-história e ser história local. Pode apresentar história oral junto com história serial. Pode a mesma obra apresentar uma proposta de história política e, também, de história econômica. E assim por diante.
Aliás, entende-se que as boas obras são aquelas que apresentam maior grau de complexidade. E quanto maior a complexidade maior será a chance de se utilizar várias espécies em sua produção.
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