A história que conceitualmente aprendemos nos bancos acadêmicos, nem sempre gera, nos seus profissionais, atitudes condizentes com a aprendizagem humanista que esta ciência proporciona.
Diante da análise da atuação do homem através do tempo, de suas rupturas e permanências, dos momentos de glória e de obscurantismo da civilização, uma diretriz que parece saltar aos olhos do estudante é que um historiador jamais poderia se tornar um sujeito reacionário.
Contudo, o estudo da história não retira o sujeito do espírito humano. E assim, surge o paradoxo de se ver historiadores e professores de história que repetem atitudes das mais condenáveis no estudo da passagem humana pelo planeta. Censura, exclusão por motivo de opinião, preconceito por motivação política, autoritarismo, por exemplo, são características reprováveis que jamais deveriam combinar com uma sociedade composta pelos detetives dos fatos históricos.
Qual não foi minha surpresa, no entanto, quando ao achar que me encontrava em ambiente a prova de tais vícios, numa pretensa comunidade de história do facebook, ter sido, sem qualquer aviso, bloqueado daquela comunidade pelo fato de estar expressando opinião a respeito de institutos políticos praticados na atualidade.
Afinal, o historiador está inserido no mundo político. Tem sua opinião formada. E mesmo ao escrever uma obra não está absolutamente isento de seus valores culturais, como queriam os positivistas. Tanto que ao se estudar um autor é recomendável que o leitor identifique o "lugar da fala" do escritor da obra.
Não se tratava de postagem fazendo propaganda direta a candidato. Não foi a postagem de um "santinho" político. Sequer era mencionado o nome de qualquer político na mensagem. Mas pelo simples fato da mensagem defender algumas políticas sociais inclusivas, empreendidas pelo governo atual, fomos arbitrariamente excluídos da página e a postagem apagada do grupo sem qualquer tipo de aviso ou que se desse condição à defesa.
Tudo ocorrendo de forma muito semelhante à censura militar. Só faltou postarem no lugar uma receita de chuchu com camarão.
Fica a lição de que a ciência não faz milagre. Quem não tem espírito democrático nem com história, filosofia e sociologia conseguirá desenvolver uma consciência dialética. E fica a reflexão sobre os resultados da nossa educação formal. Será que nossa universidade consegue promover uma formação integral do indivíduo? Ou os cursos universitários apenas estão servindo para ilustrar indivíduos que não conseguem realizar uma evolução na mentalidade. O indivíduo se ilustra mas continua sem transformação em essência. E aí temos o paradoxo do historiador reacionário !
A seguir, deixarei a postagem que foi censurada com a exclusão da mesma e bloqueio do participante do grupo. Uma postagem que usa do recurso da ironia para se posicionar quanto a uma política social afirmativa. Que cada qual, ainda que com suas paixões políticas, reflitam se era motivo de guilhotina. A postagem a seguir:
"Venhamos e convenhamos que essa história do governo federal dar bolsa para garantir a segurança alimentar das populações carentes não tem nada a ver. Coisa de comunista. Tem que deixar o livre mercado regular a situação, nem que muita gente tenha que morrer de fome. Isso de dar o peixe não tá com nada. Eu fiz a minha parte, dei a vara de pescar para uma descamisada aqui da rua e ela tá pescando que é uma beleza ! ( pérolas da mentalidade da oposição )."
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