O filme do Coringa, protagonizado pelo ator Joaquin Phoenix, tem dado o que falar por conta da dialética proposta entre a estória do vilão das hq's e a realidade socioeconômica a que o mundo está submetido.
O personagem proposto nesta película não tem lado político e ideológico. Porém, sua explosão de violência, no filme, está referendada na realidade que nos rodeia. Tanto diretor quanto roteirista tiveram o mérito de tirar o personagem do mundo ficcional de Gotham e transplantá-lo para nossa realidade. Uma realidade que, por trás da ilusão do shopping center, não tem nada de bonita, sendo mais sombria que os becos escuros vigiados pelo herói mascarado.
Confesso que não tenho muita paciência para filmes de super-heróis. Venho há algum tempo maldizendo a Marvel pela enxurrada de quadrinhos que estão indo para a tela do cinema. Com meio século de vida, sou do tempo que super-heróis era algo que ficava restrito à infância. Quando entrávamos na adolescência brigávamos com a avó quando vinha nos dar uma roupa, no aniversário, com o homem aranha estampado. E bradávamos: - poxa, vó, tá pensando que ainda sou criança !?
Contudo, o Coringa é a prova que de um limão se pode fazer uma limonada. Apanhar um personagem despretensioso de quadrinhos e, através dele, fomentar um grande debate sobre temas urgentes e relevantes.
Aliás, isto tem muita relação com o método construtivista de ensino. Aproveitar o acervo cultural da classe de alunos como fio condutor para a produção de conhecimento. Neste sentido, o filme traz um exemplo prático para o magistério.
Concluindo: continuamos aprendendo com o cinema.
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