Neste último final de semana pude acompanhar a entrevista dada pelo General Eduardo Villas Boas ao programa Conexão Roberto D'Ávila, na rede de televisão fechada. O general é o atual comandante maior do exército brasileiro.
A entrevista versou sobre diversos temas, principalmente sobre questões nacionais e a intervenção militar no Estado do Rio de Janeiro.
Num dado momento, o comandante filosofou sobre o que acredita ser um grande problema para o país. Dizia, então, que o problema reside na ideologia "politicamente correta".
Nunca gostei do termo "politicamente correto". Ele visa reduzir e simplificar um leque de questões muito complexas. E sempre que tentamos simplificar demais demandas complexas dá margem a críticas e discursos que desvirtuam estas temáticas.
Em regra, o que se convencionou chamar de "politicamente correto" é um esforço de inclusão dos mais diversos segmentos sociais, notadamente daqueles reconhecidos como minorias. Neste sentido, não dá para entender como que o "politicamente correto" poderia ser um problema. Ao contrário, é uma pauta civilizatória. Os contrários à inclusão seriam aqueles que desejam oprimir minorias, excluir os diferentes, ofender quem pensa de modo diverso, etc.
Então, o general expôs algumas pautas do que ele particularmente entende como "politicamente correto", citando o ambientalismo, o indigenismo e o racismo. Continuou discorrendo que quanto mais se fala em ambientalismo, mais ocorrem agressões ao meio ambiente. Quanto mais se fala na questão indígena, mais os índios são vitimados. E, da mesma forma, que ao se enfatizar o racismo dá margem para que ocorram ainda mais atos de racismo. Asseverou, inclusive, que hoje o Brasil, por conta do politicamente correto, está deixando de ser considerado um país mestiço para ser dividido entre brancos e pretos.
Ora, o nosso comandante repetiu um discurso enviesado que teve origem em setores da extrema direita. Sob esta ótica, se transfere o ônus das agressões para quem justamente denuncia a existência de tais preconceitos. Como se aqueles que se dedicam à defesa do meio ambiente fossem os responsáveis pelos latifundiários e madeireiros destruírem as florestas. os que lutam contra a intolerância religiosa fossem responsáveis por grupos de fanáticos que invadem e destroem templos, os sertanistas que defendem os povos indígenas contribuíssem para o assassinato dos índios pelos arrozeiros e assim por diante.
Provavelmente, o general e aquelas vozes da extrema direita preferissem que não houvesse grupos de defesa das minorias. Assim, qualquer agressão sofrida não seria denunciada como um ato contra uma minoria. A morte de um índio, por exemplo, seria apenas mais uma morte comum. Assim como querem fazer acreditar no caso da vereadora Marielle Franco. Como se não existisse intolerância e preconceitos de todo tipo em nossa sociedade
Ao transferir o ônus da agressão para quem defende as minorias, se esquecem que esses problemas todos existem estruturalmente em nosso país muito antes de cunharem a expressão "politicamente correto". Lembremos o caso da morte, por exemplo, de Chico Mendes, entre muitas outras.
Eu até simpatizo com a figura do general Villas Boas. Não sei se pela forma calma de se expressar ou se por conta do sobrenome que lembra os irmãos sertanistas que faziam sempre a defesa de nossos índios. Não sei se o general possui algum grau de parentesco com eles.
Contudo, esta fala do militar somada a outra, anterior, em que pedia carta branca para o exército na intervenção do Rio de Janeiro, para que a instituição não fosse posteriormente julgada, por abusos, em uma nova comissão da verdade, demonstram que nosso exército não conseguiu evoluir sua mentalidade do período do regime militar para cá.
Por ora, parece que as forças armadas não têm como contribuir para um projeto de nação, apenas como força de manutenção do status quo.
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A entrevista versou sobre diversos temas, principalmente sobre questões nacionais e a intervenção militar no Estado do Rio de Janeiro.
Num dado momento, o comandante filosofou sobre o que acredita ser um grande problema para o país. Dizia, então, que o problema reside na ideologia "politicamente correta".
Nunca gostei do termo "politicamente correto". Ele visa reduzir e simplificar um leque de questões muito complexas. E sempre que tentamos simplificar demais demandas complexas dá margem a críticas e discursos que desvirtuam estas temáticas.
Em regra, o que se convencionou chamar de "politicamente correto" é um esforço de inclusão dos mais diversos segmentos sociais, notadamente daqueles reconhecidos como minorias. Neste sentido, não dá para entender como que o "politicamente correto" poderia ser um problema. Ao contrário, é uma pauta civilizatória. Os contrários à inclusão seriam aqueles que desejam oprimir minorias, excluir os diferentes, ofender quem pensa de modo diverso, etc.
Então, o general expôs algumas pautas do que ele particularmente entende como "politicamente correto", citando o ambientalismo, o indigenismo e o racismo. Continuou discorrendo que quanto mais se fala em ambientalismo, mais ocorrem agressões ao meio ambiente. Quanto mais se fala na questão indígena, mais os índios são vitimados. E, da mesma forma, que ao se enfatizar o racismo dá margem para que ocorram ainda mais atos de racismo. Asseverou, inclusive, que hoje o Brasil, por conta do politicamente correto, está deixando de ser considerado um país mestiço para ser dividido entre brancos e pretos.
Ora, o nosso comandante repetiu um discurso enviesado que teve origem em setores da extrema direita. Sob esta ótica, se transfere o ônus das agressões para quem justamente denuncia a existência de tais preconceitos. Como se aqueles que se dedicam à defesa do meio ambiente fossem os responsáveis pelos latifundiários e madeireiros destruírem as florestas. os que lutam contra a intolerância religiosa fossem responsáveis por grupos de fanáticos que invadem e destroem templos, os sertanistas que defendem os povos indígenas contribuíssem para o assassinato dos índios pelos arrozeiros e assim por diante.
Provavelmente, o general e aquelas vozes da extrema direita preferissem que não houvesse grupos de defesa das minorias. Assim, qualquer agressão sofrida não seria denunciada como um ato contra uma minoria. A morte de um índio, por exemplo, seria apenas mais uma morte comum. Assim como querem fazer acreditar no caso da vereadora Marielle Franco. Como se não existisse intolerância e preconceitos de todo tipo em nossa sociedade
Ao transferir o ônus da agressão para quem defende as minorias, se esquecem que esses problemas todos existem estruturalmente em nosso país muito antes de cunharem a expressão "politicamente correto". Lembremos o caso da morte, por exemplo, de Chico Mendes, entre muitas outras.
Eu até simpatizo com a figura do general Villas Boas. Não sei se pela forma calma de se expressar ou se por conta do sobrenome que lembra os irmãos sertanistas que faziam sempre a defesa de nossos índios. Não sei se o general possui algum grau de parentesco com eles.
Contudo, esta fala do militar somada a outra, anterior, em que pedia carta branca para o exército na intervenção do Rio de Janeiro, para que a instituição não fosse posteriormente julgada, por abusos, em uma nova comissão da verdade, demonstram que nosso exército não conseguiu evoluir sua mentalidade do período do regime militar para cá.
Por ora, parece que as forças armadas não têm como contribuir para um projeto de nação, apenas como força de manutenção do status quo.
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