Os
guias politicamente incorretos estão na moda nas editoras, livrarias e
entre os leitores mais jovens. São livros que prometem desconstruir
alguns clichês e mitos históricos com uma linguagem divertida e ao
alcance de todos. Contudo, quando o assunto é história, a academia não
vem poupando críticas a tais leituras; que, segundo os especialistas, não
entregam o que prometem. São obras realizadas sem o devido rigor
metodológico historiográfico. E o pior, com visível viés político e
ideológico. Desta forma, apenas trocam alguns clichês por outros que
estão ao gosto ideológico do autor.
Quanto
à metodologia, os historiadores apontam que os guias pecam em não fazer
um exame correto das fontes históricas. Selecionam algumas fontes que
convêm e omitem outras. Muitas vezes, quando citam uma fonte de maior
peso acadêmico, acabam pinçando trechos descontextualizados para dizer
algo que o autor da fonte não disse. Talvez, por isso, o professor
Leandro Karnal, numa palestra que pode ser vista no youtube, declarou,
ao analisar uma desses guias sobre a história da América latina, que
identificou o uso de desonestidade intelectual.
Nunca gastei meus suados contos de réis na compra desse tipo de leitura, mas acompanhei algumas coisas a respeito em um programa, no history channel, baseado num desses livros. Além de não enxergar uma tentativa de fazer uma verdadeira pesquisa histórica, ainda traz uma série de narrativas que constituem lugar comum na mentalidade nacional. Por exemplo, não se poupou críticas à história e cultura indígena e africana. Ora, isso (depreciar as minorias) é o de mais comum que aconteceu na sociedade brasileira. Por isso, não entendo essas obras como "politicamente incorretas". Essa expressão gera a ideia de se fazer algo transgressor e inovador. No entanto, depreciar a cultura indígena e negra não são novidade alguma nos países latinos.
Se o livro gerar nos jovens a curiosidade pelos temas, um tanto melhor. Cabe ao professor pegar o gancho e aprofundar seus alunos no universo da pesquisa. Porém, o péssimo nisso tudo é que vários ativistas digitais vêm usando este material para causar uma relação de tensão entre alunos e professores. Como se o professor já não tivesse vários obstáculos no ofício de empreender o processo de aprendizagem.
Por isso, é bom que os docentes conheçam um pouco sobre as graves falhas que esses livros contêm. Pois, vez por outra, algum aluno tentará se opor ao conteúdo das aulas usando esse material.
Há
uma excelente resenha de cada capítulo deste guia em um grupo do
facebook de nome "O Incorreto no Guia Politicamente Incorreto da
História do Brasil". Suas análises devem ser lidas atentamente pelos
professores. E aqui mesmo neste blog temos textos sobre alguns pontos
destes guias. Deixaremos, abaixo, links para todos esses materiais:
Leandro Karnal sobre o Guia Politicamente Incorreto da América Latina.
https://www.youtube.com/watch?v=jw0_sKp4e1s
Grupo no facebook: "O Incorreto no Guia Politicamente Incorreto da História do Brasil":
https://www.facebook.com/HisIncorreta/
Se os paleoíndios foram responsáveis pela destruição da megafauna americana:
http://fahupe.blogspot.com.br/2018/03/os-indigenas-exterminaram-as-preguicas.html
A feijoada não foi criada pelos escravos, mas pelos franceses?
http://fahupe.blogspot.com.br/2018/01/um-projeto-propositalmente-incorreto-da.html
Zumbi dos Palmares era escravocrata ?
http://fahupe.blogspot.com.br/2017/11/o-zumbi-dos-palmares-possuia-e-vendia.html
Participe do grupo "prophisto" de História Geral & Brasil no facebook:
https://www.facebook.com/groups/prophisto/
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