quinta-feira, 14 de setembro de 2017

O limite do "politicamente incorreto" na mente média conservadora é o da conveniência.





O "politicamente correto" é uma expressão cunhada para conceituar o cuidado que se deve ter com a linguagem e outras formas de expressão para que não se ofenda ou marginalize determinados grupos de pessoas. Porém , no Brasil, já faz um tempo que a moda entre os conservadores, notadamente os mais jovens, é o sentido oposto; ou seja, ser "politicamente incorreto".

Essa jovem galera conservadora diz ser contra o "mimimi" e a "vitimização". Que no humor vale tudo, senão perde a graça, podendo fazer piada com gay, etnias, regionalidade e etc. Adoram um discurso "descolado", com muitas expressões chulas e o uso carregado de calão. O "politicamente incorreto" também se opõem a discursos de reparação de injustiças sociais. Cada um que corra atrás do seu prejuízo, pois o resto é pura "vitimização".

No rastro desta onda surgiram coleções de livros e autores do 'politicamente incorreto". Tem politicamente incorreto para história, música, política, sexo e sabe-se Deus mais o quê !  Algumas dessas obras lançam revisões sobre conteúdos escolares que não guardam correspondência com a produção acadêmica. Tentam colocar o professor de história como mentiroso e doutrinador.  

Porém, quando um museu resolve fazer uma exposição de arte com conteúdo crítico e que causa incômodo, essa mesma "galera descolada" muda radicalmente de um polo ao outro. Rapidamente assumem posição na trincheira "politicamente correta". E passam a utilizar de toda a vitimização e "mimimi" para dizer que a obra de arte é um atentado contra a tradicional família canarinho.

O mesmo pessoal que adora discursar com muitos palavrões e expressões pouco civilizadas passam a se escandalizar com a palavra inglesa "fuck" escrita em algum lugar da mostra artística.

Neste momento, percebemos que o politicamente incorreto não é um conceito ou princípio. É tão somente um artifício retórico cujo uso está unicamente adstrito à conveniência.

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