Meritocracia é uma palavra que foi utilizada pela primeira vez ou criada por Michael Young em seu livro "Rise of the Meritocracy", que vislumbrava uma organização social de um tempo futuro onde a posição social do indivíduo seria determinada pelo seu QI e esforço pessoal. Posteriormente, o termo passou a ser empregado tanto no meio empresarial, para justificar a ascensão da carreira dos empregados, quanto na esfera pública, usada para fundamentar o acesso ao serviço público por meio de concursos de provas.
Houve um aprofundamento deste tipo de ideologia quando a meritocracia passou a critério usado pelos governos em relação às políticas públicas. Desta forma, beneficiando àqueles sobre os quais se acredita que são merecedores deste tratamento por conta de suas habilidades, inteligência e esforço.
Principalmente nos países de terceiro mundo, onde as desigualdades sociais são abissais, fica mais evidente ao senso comum de que o sistema meritocrático é viciado e baseado em falsos pressupostos de igualdade formal e de oportunidade entre os indivíduos.
Uma dinâmica muito simples que pode ser feita em sala de aula para que a classe visualize a questão é aquela em que o professor propõe uma corrida entre ele e o aluno mais veloz escolhido pelos seus colegas. O vencedor será aquele que tocar primeiro na parede onde fica a janela, que está situada no lado oposto à parede da porta de entrada da sala. Só que os competidores, professor e aluno, partirão de pontos diferentes. O professor parte da porta de entrada e o aluno partirá do início do corredor de acesso às salas de aula. Será provável o aluno não aceitar o desafio sob estas condições. Se aceitar, o professor mesmo estando velho, gordo e com artrite em um dos joelhos irá bater primeiro. E o "mérito" da vitória é certamente do professor, pois correram sob as regras socialmente pactuadas.
No exemplo acima, o professor só perderá a prova por acidente, ou tendo uma queda ou mesmo sofrendo um infarto. Porém, esta vitória acidental do aluno seria o ponto fora da curva, algo eventual e pontual. Contudo, quando ocorre uma dessas situações meramente acidentais, na vida social e econômica, os meios de comunicação propagandeiam o feito como justificativa e legitimação do critério meritocrático. É claro que não são noticiados os inúmeros casos onde, mesmo se esforçando muito, as pessoas não conseguem reconhecimento e vida digna. Neste sentido, surgem algumas lendas urbanas como o do homem pobre que passou para o vestibular de medicina achando apostilas no lixo, dentre outras histórias fantásticas. A classe média é a principal destinatária deste discurso midiático. Por isso, ela passa a sentir tanta identificação com a agenda da elite financeira, pois acredita que com trabalho duro um dia se tornará integrante daquele seleto grupo. Só que os meios de comunicação não tornam claro que o número dos integrantes da classe média que tiveram um decréscimo no padrão de vida e se tornaram pobres é esmagadoramente maior do que os casos pontuais de alguns que se tornaram milionários.
Principalmente nos países de terceiro mundo, onde as desigualdades sociais são abissais, fica mais evidente ao senso comum de que o sistema meritocrático é viciado e baseado em falsos pressupostos de igualdade formal e de oportunidade entre os indivíduos.
Uma dinâmica muito simples que pode ser feita em sala de aula para que a classe visualize a questão é aquela em que o professor propõe uma corrida entre ele e o aluno mais veloz escolhido pelos seus colegas. O vencedor será aquele que tocar primeiro na parede onde fica a janela, que está situada no lado oposto à parede da porta de entrada da sala. Só que os competidores, professor e aluno, partirão de pontos diferentes. O professor parte da porta de entrada e o aluno partirá do início do corredor de acesso às salas de aula. Será provável o aluno não aceitar o desafio sob estas condições. Se aceitar, o professor mesmo estando velho, gordo e com artrite em um dos joelhos irá bater primeiro. E o "mérito" da vitória é certamente do professor, pois correram sob as regras socialmente pactuadas.
No exemplo acima, o professor só perderá a prova por acidente, ou tendo uma queda ou mesmo sofrendo um infarto. Porém, esta vitória acidental do aluno seria o ponto fora da curva, algo eventual e pontual. Contudo, quando ocorre uma dessas situações meramente acidentais, na vida social e econômica, os meios de comunicação propagandeiam o feito como justificativa e legitimação do critério meritocrático. É claro que não são noticiados os inúmeros casos onde, mesmo se esforçando muito, as pessoas não conseguem reconhecimento e vida digna. Neste sentido, surgem algumas lendas urbanas como o do homem pobre que passou para o vestibular de medicina achando apostilas no lixo, dentre outras histórias fantásticas. A classe média é a principal destinatária deste discurso midiático. Por isso, ela passa a sentir tanta identificação com a agenda da elite financeira, pois acredita que com trabalho duro um dia se tornará integrante daquele seleto grupo. Só que os meios de comunicação não tornam claro que o número dos integrantes da classe média que tiveram um decréscimo no padrão de vida e se tornaram pobres é esmagadoramente maior do que os casos pontuais de alguns que se tornaram milionários.
Na Europa, finalmente, acontece que a "ficha está caindo" para boa parte da nova geração de cidadãos provenientes das classes médias que buscam reconhecimento profissional e posição social através dos estudos e do esforço. A chamada geração "milenium", daqueles perfeitamente adaptados às novas tecnologias e com educação formal de pós graduados, está desencantada e frustrada com o mercado de trabalho após as reformas trabalhistas, que geraram empregos com poucas garantias, baixa remuneração (incompatível com a expectativa gerada pelos estudos) e funções que não conduzem à satisfação pessoal. A preparação intelectual não está sendo correspondida pela nova realidade das relações de trabalho. De forma que na Espanha se fala que a próxima geração será a "nem nem", que nem trabalha e nem estuda. A taxa de desemprego na Espanha chegou a 40% , nos EUA os salários são os mais baixos dos últimos 30 anos e na Itália há quase que 5 milhões de desempregados em situação de pobreza absoluta.
O economista Guy Standing, professor na Universidade de Londres, criou o termo "precariado" para se referir a esta classe emergente em todo o mundo e que está sob a insegurança de empregos não permanentes e com pouquíssimas garantias trabalhistas. Em seu livro "A corrupção do capitalismo: por que rentistas prosperam e o trabalho não recompensa", ele analisa os motivos pelos quais hoje vivemos num sistema onde o trabalho duro e o talento não são premiados. Explica que isto teve origem na política econômica gestada nos anos 80 e 90 por economistas de matriz neoliberal. Eles criaram um sistema rentista, baseado em direitos privados, que afastou a sociedade de uma verdadeira situação de mercado livre. Assim, a competição no mercado livre de trabalho é fictícia no capitalismo atual. Isto ocorre porquanto os proprietários do grande capital estão extraindo rendas do resto da economia e da sociedade. Como consequência, há pessoas super capacitadas e brilhantes compondo o precariado e, por outro lado, gente sem nenhum talento ganhando milhões.
As reformas trabalhistas que geraram esta grande frustração às novas gerações europeias estão chegando agora no Brasil e na América do Sul, juntamente com a onda conservadora. O Congresso Nacional aprovou a reforma trabalhista que retirou as garantias mínimas dos trabalhadores asseguradas pela CLT, prevendo a supremacia do negociado sobre o legislado, e ainda virá a reforma previdenciária. A população, em geral, não se deu conta de que a mesma lógica está sendo instalada por aqui. Acontece que esta elite rentista que tem interesse nas reformas se utiliza de um grande sistema difusor de ideias para obter o consenso e a adesão de ampla maioria da população em torno de sua agenda. Diariamente os grandes canais de televisão, as rádios, os tabloides, revistas e grandes sites jornalísticos fazem o papel de moldar as mentes da audiência.
Desta forma, resta a cada pessoa, cuja visão despertou para a realidade, fazer o papel de realizar estes contrapontos através das redes sociais, dos pequenos blogs, dos grupos e bate-papos, para nos entrincheirar nesta guerrilha da informação.
Artigo sobre a reforma trabalhista no Brasil:
http://operamundi.uol.com.br/dialogosdosul/reforma-trabalhista-na-espanha-e-no-brasil/15072017/
Artigo sobre a pobreza na Itália:
http://exame.abril.com.br/economia/quase-5-milhoes-de-italianos-vivem-em-pobreza-absoluta/
Artigo sobre as consequências da reforma trabalhista na Espanha:
http://www.dmtemdebate.com.br/reforma-trabalhista-espanhola-faz-cinco-anos-assim-e-a-geracao-de-jovens-desencantados-que-ela-deixou/
Entrevista com o economista inglês Guy Standing:
http://www.ihu.unisinos.br/569536-estamos-rumo-a-um-sistema-onde-trabalho-duro-e-o-talento-nao-sao-premiados-afirma-guy-standing
Participe do grupo "prophisto" de História Geral & Brasil no facebook:
https://www.facebook.com/groups/prophisto/
O economista Guy Standing, professor na Universidade de Londres, criou o termo "precariado" para se referir a esta classe emergente em todo o mundo e que está sob a insegurança de empregos não permanentes e com pouquíssimas garantias trabalhistas. Em seu livro "A corrupção do capitalismo: por que rentistas prosperam e o trabalho não recompensa", ele analisa os motivos pelos quais hoje vivemos num sistema onde o trabalho duro e o talento não são premiados. Explica que isto teve origem na política econômica gestada nos anos 80 e 90 por economistas de matriz neoliberal. Eles criaram um sistema rentista, baseado em direitos privados, que afastou a sociedade de uma verdadeira situação de mercado livre. Assim, a competição no mercado livre de trabalho é fictícia no capitalismo atual. Isto ocorre porquanto os proprietários do grande capital estão extraindo rendas do resto da economia e da sociedade. Como consequência, há pessoas super capacitadas e brilhantes compondo o precariado e, por outro lado, gente sem nenhum talento ganhando milhões.
As reformas trabalhistas que geraram esta grande frustração às novas gerações europeias estão chegando agora no Brasil e na América do Sul, juntamente com a onda conservadora. O Congresso Nacional aprovou a reforma trabalhista que retirou as garantias mínimas dos trabalhadores asseguradas pela CLT, prevendo a supremacia do negociado sobre o legislado, e ainda virá a reforma previdenciária. A população, em geral, não se deu conta de que a mesma lógica está sendo instalada por aqui. Acontece que esta elite rentista que tem interesse nas reformas se utiliza de um grande sistema difusor de ideias para obter o consenso e a adesão de ampla maioria da população em torno de sua agenda. Diariamente os grandes canais de televisão, as rádios, os tabloides, revistas e grandes sites jornalísticos fazem o papel de moldar as mentes da audiência.
Desta forma, resta a cada pessoa, cuja visão despertou para a realidade, fazer o papel de realizar estes contrapontos através das redes sociais, dos pequenos blogs, dos grupos e bate-papos, para nos entrincheirar nesta guerrilha da informação.
Artigo sobre a reforma trabalhista no Brasil:
http://operamundi.uol.com.br/dialogosdosul/reforma-trabalhista-na-espanha-e-no-brasil/15072017/
Artigo sobre a pobreza na Itália:
http://exame.abril.com.br/economia/quase-5-milhoes-de-italianos-vivem-em-pobreza-absoluta/
Artigo sobre as consequências da reforma trabalhista na Espanha:
http://www.dmtemdebate.com.br/reforma-trabalhista-espanhola-faz-cinco-anos-assim-e-a-geracao-de-jovens-desencantados-que-ela-deixou/
Entrevista com o economista inglês Guy Standing:
http://www.ihu.unisinos.br/569536-estamos-rumo-a-um-sistema-onde-trabalho-duro-e-o-talento-nao-sao-premiados-afirma-guy-standing
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