sexta-feira, 12 de dezembro de 2014

A arte de chocar na política.


Vivemos tempos em que a urbanidade e a polidez não são mais exigências para se estar no meio político. Acabou a época dos grandes oradores. As disputas no campo das ideias e das doutrinas econômicas e políticas mas que ocorriam dentre notórios preceitos de educação e respeito.

Atualmente, temos visto uma categoria de político que necessita chocar a assistência para garantir a sua eleição. Trata-se do político medíocre. São aqueles que ora por sua mediocridade ora por não desejarem nenhuma mudança, não apresentam qualquer projeto de importância significativa para o país. Eles não desejam melhorar a situação das populações em situação de pobreza extrema. Não querem soluções para os desequilíbrios regionais. Nem estão interessados nas questões das minorias. Querem que tudo permaneça como está.

Desta forma, como não podem apresentar propostas interessantes e consistentes, usam da arte de chocar como marketing político para atrair a mídia e garantir votação nas eleições.  Foi assim que surgiram políticos que repetiam chavões como "bandido bom é bandido morto".

E nesta seara, chocar tem função bem distinta daquela realizada pela vanguarda artística. Esta quando choca através da arte tem a função de fazer a sociedade sair da sua zona de conforto e refletir sobre algum tema. Aqui, a função é apenas sintonizar com preconceitos e potencializá-los a seu favor.

Esse tipo de político sabe que nunca ganhará uma eleição majoritária. A estratégia é conseguir atingir uma parcela adoentada do eleitorado que garante suas sucessivas reeleições a cargos legislativos.

Digo parcela adoentada, pois tanto eleitores de esquerda, centro ou direita que possuem consciência crítica não jogam seu voto na lixeira deste jeito. Eleitores conscientes que gravitam ou no socialismo ou no liberalismo desejam uma representação que traga propostas concretas para o país.

O problema do político medíocre que depende de arrumar confusões e falar asneiras que chocam é que com o tempo determinados chavões viram lugar comum e não produzem efeito. Como o caso da frase "bandido bom é bandido morto". Então, precisam subir o tom das provocações para conseguir que a estratégia do choque traga dividendos.

É neste sentido que vimos, por exemplo, discursos completamente aparteados do bom senso, como aquele que ao falar com uma ex ministra diz que "não estupra mulher que não merece".

Isto é usar a estratégia do choque sem ter nenhum pudor para com as consequências que a representação simbólica de tal frase possa repercutir na sociedade. Seja no trato que se deve ter com uma pessoa que exerceu cargo de autoridade no Estado ou seja em relação ao trato com o gênero feminino.

E o assustador é verificar nas redes sociais a quantidade de pessoas que louvam esse tipo de discurso despropositado. Evidenciando o porquê este tipo de político assegura suas reeleição com boa votação. Isso denota o quanto nossa sociedade está doente.


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