terça-feira, 15 de julho de 2014

Imagens que remetem preconceito na oposição violenta ao mais médicos.


A comparação entre as duas imagens é sintomática. Em ambas, na nossa visão, se expressa o preconceito em relação não só à raça, mas xenofobia contra latinos, dentre outras distinções.

Há quem tente mascarar a expressão preconceituosa da foto dizendo que a vaia não se tratava de questão de raça e xenofobia, mas de posição da categoria médica em defesa dos seus interesses.

É claro que o fato imediato se referia à contratação de médicos estrangeiros. Mas enxergamos muito além desta tela inicial. Entendemos, que se tratasse de uma equipe de médicos americanos, com ternos bem cortados, a reação não teria esta virulência. Basta ver como o tal Doutor Hollywood é recebido com tapete vermelho. Na verdade, parece que há pessoas que usam a discussão como anteparo para exteriorizar o preconceito existente naqueles advindos de uma elite que compõem o gueto do curso de medicina.

A universidade de medicina é um nicho das classes abastadas. Não há amplo acesso aos cursos de medicina, tanto na rede pública quanto na privada. O jovem de classe alta formado em medicina, pelo seu modo de vida, não tem interesse em fixar seu atendimento numa favela ou numa cidade pobre do interior. Este perfil precisa estar num local com certos luxos, com bom restaurante, com shopping center, um ambiente turístico, etc.

Por isso, a estrutura que eles tanto reclamam faltar, vai muito além de um ambulatório. querem toda uma estrutura de vida que o interior mais pacato e a comunidade carente não poderá prover nas próximas décadas.

O programa mais médicos, antes de abrir a médicos estrangeiros, ofereceu aos residentes no país, um salário de dez mil reais, e a demanda não foi nem de perto preenchida. Daí, ser aberto a estrangeiros (não apenas cubanos).

Certamente, um professor de colégio não recusaria uma proposta dessas. E nem reclamaria da falta de estrutura.

O opositor ao programa também diz que o salário deveria ser bem maior para compensar a tal falta de estrutura. Interessante, que o perfil destas pessoas são as mesmas que condenam os impostos, o tamanho do Estado,  os programas de distribuição de renda. Mas esta reclamação só vai até o limite em que o Estado usa os recursos para ajudar os menos favorecidos. Se for para gerar salários fora da realidade para uma categoria que já provém de classe alta, então não há problema.

Por outro lado, o programa mais médicos não deve ser a solução final da questão. A solução verdadeira passa pela universalização do curso de medicina. De forma que todo estudante, seja de qual classe for, tenha fácil acesso ao curso. Mas não devemos ser ingênuos de pensar que a classe dominante desta área deseja isto.

Por isso, entendemos que o programa é importante para atender de imediato as necessidades das pessoas destes rincões mais afastados

Afinal de contas, o Doutor Hollywood não vai atender o pacato povo do interior, nem o cidadão da comunidade carente.







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