domingo, 27 de abril de 2014

Discussão capital versus trabalho em "O Preço do Amanhã".


O filme americano "O preço do amanhã", de 2011, dirigido por Andrew Niccol, mostra um futuro onde a força de trabalho é remunerada com tempo de vida. Um mecanismo de tempo é instalado no braço das pessoas e se elas não trabalharem para receber crédito em tempo de vida morrem instantaneamente quando o cronômetro zerar.

Ocorre que todos os bens de consumo custam uma certa quantidade de tempo. Uma passagem de ônibus custa 2 horas, um prato de comida umas 12 horas e assim por diante. Para efetuar a compra, o sujeito coloca o braço com o cronômetro sobre uma máquina que extrai o tempo cobrado, de forma parecida com o cartão magnético que se usa nos ônibus.

O trabalhador comum recebe horas bastante apenas para sobreviver até o próximo pagamento. Se consumir acima das horas que possui ou se ficar desempregado irá morrer.

E a cidade é dividida em zonas conforme as classes sociais. Para passar de uma zona para outra deve-se pagar um pedágio, que custa muitas horas acima do que um trabalhador pode pagar e continuar vivo. Desta forma, a elite mantém a classe trabalhadora afastada de seu bairro.

A analogia do capital ou dinheiro com o tempo de vida foi muito interessante. A lógica do filme torna a famosa frase "tempo é dinheiro" mais real que nunca.

E se refletirmos bem, algo semelhante acontece na realidade. O salário do proletário que serve somente para a sua subsistência é, como no filme, o seu próprio tempo de vida que deixa em cada jornada de trabalho. Enquanto vende sua força de trabalho ele não vive, pois torna-se uma peça da engrenagem da fábrica. E a mais valia é parte do seu tempo de vida que foi transferido para outrem (o dono do capital) gozá-lo por ele.

Sem dúvida, o autor da trama teve uma ótima visão ao relacionar o tempo com a força de trabalho e o capital. 

"O Preço do Amanhã" vale a pena ser visto e discutido.







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