Dentre os muitos textos que estão 
circulando pela rede a respeito do atentado ao jornal francês, 
encontramos uma reflexão muito interessante da professora Daniela Mussi,
 que é mestre e doutora em ciência política pela UNICAMP e, também, 
graduada em ciências sociais e comunicação social.
A
 citada autora faz uma análise sobre o riso e o humor a partir da obra 
do filósofo Henri Bergson. Posteriormente, contextualiza o trabalho 
humorístico da revista Charlie Hebdo.
Separamos um trecho do seu texto que recebemos através do blog Convergência:
"
O humor contra os poderosos
Se retomamos as ideias de Bergson a respeito do riso, podemos facilmente justificar o “humor” de Charlie Hebdo.
 Ele se insere em uma tradição bastante específica, fortemente 
libertária e erudita, em busca incessante por um ambiente no qual todo 
riso possa ser possível. Porém, como notara Bergson, o riso não pode ser
 “todo riso”, já que é nunca “infinito” (idem, p. 7). Ele se insere em 
um ambiente circular, limitado pelo público para o qual se direcionava. O
 riso funciona como um eco, reverberado em uma plateia precisa. 
Justamente por isso, em termos sociais sua função é sempre diferencial, 
conflitiva.
O que ecoava a revista Charlie Hebdo? Quem ria de seu 
conteúdo? Quem não ria? E por que? Boas respostas a estes problemas 
precisam evidenciar contradições, já que o riso não é senão o sintoma 
“humano”, como notou Bergson, da conformação estratificada dos grupos 
sociais. O riso/falta de riso de Charlie não divide a sociedade 
em “dois”, como pensam alguns, mas revela uma série de cisões e 
sobreposições sociais, culturais e políticas, inclusive aquelas 
pertinente aos seus colaboradores.
O assassinato da quase totalidade de sua atual equipe de redação no 
último dia 7 de janeiro é um momento trágico da profunda crise vivida 
pelos países europeus e, de certa forma, por todos os países 
capitalistas. Uma crise que revela o real racismo, a islamofobia e o 
antissemitismo como armas de Estado contra o povo em todos estes países.
 Em nome de Charlie, os governos francês espanhol, alemão, 
italiano e britânico se reunirão hoje ao representante do Estado racista
 de Israel, que há menos de um ano implementou uma das maiores 
carnificinas da história da Palestina. Em nome de Charlie, todos os jornais falam em antissemitismo, mas não em islamofobia. Em nome de Charlie,
 os chefes de Estado europeus podem reivindicar para si a bandeira da 
liberdade, com a qual nunca realmente se comprometeram, seja com os 
imigrantes, seja diante das massas trabalhadoras que há anos pagam com 
seus direitos por uma crise que não é sua.
O governo francês, combinado à grande mídia e ao policiamento 
massivo, buscam, desde o dia dos ataques, um uníssono argumento no qual 
as “emoções” derrotam a inteligência e convertem a morte de Charlie em 
um espetáculo melodramático macabro. Para que o riso vingue a morte, o 
humor deverá novamente voltar-se contra os poderosos e a sátira política
 reencontrar seus verdadeiros inimigos: Hollande, Le Pen, Merkel, Rajoy,
 Cameron, Netanyahu e Abbas."
Quem desejar ler o artigo completo poderá acessar no endereço:
http://blogconvergencia.org/blogconvergencia/?p=2796

Se tem uma coisa mais engraçada que charlie Hebdo, certamente é este post...auhhauahuhaa
ResponderExcluirBelo texto.
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